terça-feira, 12 de agosto de 2008

A carta número 652




Meu caro irmão,
Obrigado por sua gentil carta e pela nota de cinqüenta que ela continha. Já que as coisas vão bem, o que é o principal, por que insistiria eu em coisas de menor importância? Por Deus! Provavelmente se passará muito tempo antes que se possa conversar de negócios com a cabeça mais descansada.

Os outros blogs, independente do que pensem, instintivamente mantêm-se à distância das discussões sobre o mercado atual.

Pois é, realmente só podemos falar através de nossos trabalhos. Contudo, meu caro irmão, existe isto que sempre lhe disse e novamente voltarei a dizer com toda a gravidade resultante dos esforços de pensamento assiduamente orientado a tentar fazer o bem, tanto quanto possível – volto a dizer-lhe novamente que sempre o considerarei como alguém que é mais que um simples mercador de blogs, que por meu intermédio participa da própria produção de certos blogs, que mesmo na derrocada conserva sua calma.

Pois assim é, e isto é tudo, ou pelo menos o principal, que eu tenho a lhe dizer num momento de crise relativa. Num momento em que as coisas estão muito tensas entre os marchands de blogs de artistas mortos e de artistas vivos.

Pois bem, em meu próprio trabalho arrisco a vida e nele minha razão arruinou-se em parte – bom -, mas pelo quanto eu saiba você não está entre os mercadores de homens, e você pode tomar partido, eu acho, agindo realmente com humanidade, mas, o que é que você quer?



(Tirando a palavra blogs, essa é a tradução da última carta escrita por Vincent Van Gogh ao irmão Theo. A carta foi encontrada com o pintor no dia da sua morte, em 29 de julho de 1890. Vincent deu um tiro no peito dois dias antes. Van Gogh iniciou a correspondência com o irmão em julho de 1873. Há quem diga que sem as cartas ao irmão, os quadros de Van Gogh teriam continuado a tapar buracos em galinheiros da Europa. E o post era pra ser uma metáfora de alguma coisa, que eu simplesmente não consigo me lembrar de jeito nenhum. Quem sabe amanhã? Lembrei. Mas o que é que você quer? Quest ce que tu veux? Não é um final fantástico para a última carta de uma vida?)

6 comentários:

Rodrigo Carreiro disse...

A carta é interessante, mas realmente não entendi a metáfora hahhahahah

Mwho disse...

Interessante...

Anônimo disse...

careca, a carta ficou meio esquisita, mas entendi o recado.

Careca disse...

Rodrigo, a metáfora era muito boa mesmo, profunda. Mas de repente eu perdi o sentido dela. E até agora não encontrei.

Careca disse...

Mwho, é, esqueci mesmo o que é que eu queria dizer com isso.

Careca disse...

Franka, eu mesmo já não sei. Mas é um final extraordinário, intrigante. E justo depois que ele fala "Já que as coisas vão bem, o que é o principal, por que insistiria eu em coisas de menor importância?". Não era desimportante. Foi o que o levou a dar um tiro em si mesmo.

Frase do dia