quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ouvindo Sails - Elton John



As férias estão chegando e as crianças estão mais ansiosas. E elas também se preocupam mais comigo. Hoje fui deixá-las no judô. Meu filho disparou na frente, correndo com a mochila nas costas. Minha filha puxou conversa.

_Paiê, você vai voltar pra casa?

_Vou, por quê? - eu disse.

_Você vai construir coisas, paiê?

_Acho que sim, vou terminar um armariozinho que estou fazendo - eu disse.

_O meu pai não tem emprego, ele constrói coisas - disse a minha filha.

Achei que ela tinha dito isso para um colega, mas não havia ninguém por perto.

_Paiê, você acha que vai conseguir um emprego? - disse a menina.

_Não sei, filha, acho que sim, estou tentando.

E depois disso ela apertou a minha mão, para me dar força. Depois disso eu fui tentar sacar a primeira parcela do seguro-desemprego, mas havia alguma coisa errada com o sistema. Perdi duas horas dentro da agência.

Fui pra casa e terminei de construir o armariozinho. Depois minha mulher trouxe as crianças do judô, nós jantamos juntos e fomos todos ler o "Diário de Um Banana" antes de dormir. De tanto pensar em emprego e seguro, acabei ficando com pena de mim mesmo, o que é terrível. Pra relaxar, tomei um bom copo de suco de uva La Fruite. Minha mulher só não gostou do fecho que coloquei no armariozinho. Ela disse que sabe onde encontrar uma tranca que deixará o móvel muito mais bonito. Amanhã nós sairemos juntos para procurar.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pescaria nas férias

Eu e as crianças vamos pescar nessas férias. Estamos programando três dias numa represa, exercitando a pesca com molinetes. A animação é grande, embora às vezes eu tenha dificuldade em me imaginar colocando minhocas em anzóis para os meninos numa canoa de menos de quatro metros. Bom, vou tentar mesmo assim. Se as crianças ficarem muito inquietas, paciência, ficaremos nas margens da represa pescando lambaris. O local já é bem conhecido por outras pessoas da família, que também deverão participar da pescaria.

As crianças estão ansiosas pelas férias. Haverá uma grande apresentação dos alunos na próxima semana, numa festa que deverá marcar o encerramento do semestre. Os ensaios para a apresentação devem estar sendo exaustivos. Meu filho outro dia recitou TODAS as falas que serão ditas por uns 50 meninos e meninas. Ele e minha filha também cantam todas as músicas que serão apresentadas. Será uma festa longa e bacana.

_Pai, você também vai entrar de férias? - disse o meu filho.

_Não, filho. Só quem trabalha ou estuda é que tem um período de férias.

_Mas você trabalha, pai. Está sempre consertando ou fazendo alguma coisa.

_Só que esse tipo de trabalho não dá direito a férias - eu disse.

_Ué, pai, então é melhor você estudar.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Careca entende um poema de Drummond

Durante algumas semanas minha unha do pé direito ficou me incomodando. Tentei todos os remédios caseiros e fiz muitos esforços pedicurísticos, mas nada funcionou. Hoje, quando fui pagar o estacionamento no shopping, passei em frente ao enorme placar do Dr. Feet e na hora meu dedão latejou. Era um sinal, dos doloridos. Tratei logo de entrar no podólogo.

Sim, é verdade. Sempre tive muita curiosidade para entrar no podólogo, mas nunca entrei antes porque as pessoas certamente iriam comentar:

_Lá vai um cara com chulé!

_Lá vai um cara com frieira!

_Lá vai um cara com pé-de-atleta!

E nenhuma das três alternativas está correta. Eu tenho é unha encravada e todo mundo sabe que isso não tem cura. Quero dizer, vai ver até que tem cura, mas ninguém da minha família acredita nisso. Não, senhor. Na minha família, as unhas encravadas são mais cultivadas que dor-de-cotovelo. Todos os homens têm e algumas mulheres também, embora não assumam. São dores quase secretas, curtidas no aconchego do lar, entre alicates, tesourinhas e água oxigenada. São especiais, não é coisa para se mencionar numa conversa com estranhos. E mesmo em família, as proezas encravadas só são mencionadas entre cochichos, até por respeito à dor alheia. Uma vez, no enterro de um tio meu, por exemplo, um primo mereceu reprimendas generalizadas por fazer alarde da unha encravada.

_Você viu o Carlaile?

_Vi, o exibido. Enrolou o dedão com gaze e esparadrapo.

_Isso não se faz. Uma coisinha à tôa daquelas.

_Pois é, estou com dois dedões em muito pior estado.

_E eu? Só tenho um mindinho bom. E estou de sapato bico fino.

_Eu nem fiz curativo nem nada, meus pés estão em brasa.

E por aí afora. Naquele dia eu também conversei com o meu primo.

_Carlaile, que exagero de curativo!

_Nada, primo, precisei levar três pontos.

_Mas para usar chinelo o mínimo é cinco pontos, você sabe.

_Nada disso, no ano passado o Ivo Júnior andou de chinelão exibindo o dedão operado e nem tinha levado pontos.

_Não era caso de unha, era dedo quebrado, é outra coisa.

Mas não teve jeito. O Carlaile não quis ouvir ninguém. Por isso, ninguém achou ruim quando o Ivo Júnior pisou no dedão do Carlaile "sem querer" e com rodada, ou meio giro de sola. O enterro ameaçou virar pancadaria mas as minhas tias foram logo pisando nos dedões dos mais alvoraçados e todos se aquietaram.

De modo que ali estava eu, de frente para o Dr. Feet, pensando em tudo isso e sentindo o dedo doer. Pensei, refleti muito e resolvi mandar as doloridas tradições familiares para o inferno.

Durante a sessão, a moça teve que pedir candidamente, quatro vezes, que eu não tentasse tirar o pé durante os procedimentos.

_Moça, eu não estou tirando o pé, estou tentando tirar o dedo!

Mas como ela estava armada com um bisturi, acabei cedendo aos argumentos. Portanto, aqui estou, minha querida kombi de leitores, livre da minha unha encravada. Ela agora é como aquela foto na parede do poema do Drummond. Estou com o pé pendurado. E até quando eu como, dói.

domingo, 26 de junho de 2011

Distribuindo o peso

Estávamos hoje conversando um pouco, depois do almoço generoso de domingo.

_Caramba, há oito anos não se passa nem uma única semana sem um escândalo - disse o meu cunhado.

_Pois é, o super-ministro caiu tem umas duas semanas e nesse meio tempo já surgiram coisas do arco da velha - eu disse.

_O que foi agora?

_Teve a emenda do sigilo da licitação, o sigilo da informação do governo, os hackers, a relação Cabral-empreiteira da Bahia, a libertação do assassino italiano, a agonia do turista na Lapa, teve um monte de coisa.

_Dá até canseira de tanto escândalo - disse o cunhado.

_Fica chato comentar. Parece implicância da gente.

_O que será que vai pintar nessa semana?

_Não sei, mas poderiam mandar um criminoso para a cadeia, só pra variar.

Acabou que ficamos meio em silêncio porque estávamos cansados de falar das coisas que não funcionam direito, das mudanças que nunca acontecem, das roubalheiras que continuam acontecendo, do desrespeito aos cidadãos, da agressão diária à dignidade e à inteligência de todos nós.

_O almoço aqui na sogra estava muito bom, mas acho que vou embora mais cedo hoje - eu disse.

_Dá uma carona? - disse a minha cunhada.

_Será que cabe todo mundo? - eu disse.

_Somos oito, as crianças menores vão no colo.

_Fico pensando no peso - eu disse.

_Você está chamando alguém aqui de gorda? - disse a minha cunhada.

As luzes do robô de Perdidos no Espaço começaram a piscar loucamente, os braços moles com mãos de gancho balançando fortemente: perigo, perigo, perigo.

_Imagine - eu disse.

_Eu também não me acho gorda. Tudo é uma questão de distribuição. Eu e a Gisele Bundchen pesamos a mesma coisa. A diferença são uns vinte centímetros a mais. Analisando bem a coisa, eu não sou gorda, sou baixinha.

Tive que concordar com o ponto de vista. E depois coube todo mundo no carro. Ah, e ninguém soube dizer qual será o escândalo desta semana. Tudo pode acontecer.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Gente perversa e tão covarde que não sabe de que lado está

Saiba quem são os deputados que nem apareceram para votar na sessão que aprovou a roubalheira secreta e ilimitada
PT

Angelo Vanhoni (PR)

Biffi (MS)

Bohn Gass (RS)

Edson Santos (RJ)

Emiliano José (BA)

Eudes Xavier (CE)

Fátima Bezerra (RN)

Fernando Ferro (PE)

Geraldo Simões (BA)

Henrique Fontana (RS)

João Paulo Cunha (SP)

Jorge Boeira (SC)

Miguel Corrêa (MG)

Paulo Pimenta (RS)

Paulo Teixeira (SP)

Pepe Vargas (RS)

Professora Marcivania (AP)

Rogério Carvalho (SE)

Vicente Cândido (SP)

PMDB

Adrian (RJ)

Alexandre Santos (RJ)

André Zacharow (PR)

Aníbal Gomes (CE)

Antônio Andrade (MG)

Camilo Cola (ES)

Edinho Bez (SC)

Edio Lopes (RR)

Elcione Barbalho (PA)

Gastão Vieira (MA)

Genecias Noronha (CE)

Henrique Eduardo Alves (RN)

Hermes Parcianello (PR)

Hugo Motta (PB)

Lelo Coimbra (ES)

Luiz Otávio (PA)

Mauro Benevides (CE)

Mauro Mariani (SC)

Natan Donadon (RO)

Reinhold Stephanes (PR)

Rose de Freitas (ES)

Solange Almeida (RJ)

Wilson Filho (PB)

DEM

Eleuses Paiva (SP)

Eli Correa Filho (SP)

Heuler Cruvinel (GO)

Irajá Abreu (TO)

João Bittar (MG)

Junji Abe (SP)

Lael Varella (MG)

Lira Maia (PA)

Mandetta (MS)

Mendonça Prado (SE)

Nice Lobão (MA)

Professora Dorinha Seabra Rezende (TO)

Rodrigo Maia (RJ)

Ronaldo Caiado (GO)

Vitor Penido (MG)

PSDB

Alfredo Kaefer (PR)

André Dias (PA)

Andreia Zito (RJ)

Bonifácio de Andrada (MG)

Bruna Furlan (SP)

Carlos Roberto (SP)

Domingos Sávio (MG)

Eduardo Gomes (TO)

Jorginho Mello (SC)

Luiz Carlos (AP)

Mara Gabrilli (SP)

Marcio Bittar (AC)

Otávio Leite (RJ)

Ricardo Tripoli (SP)

Rodrigo de Castro (MG)

Rogério Marinho (RN)

Romero Rodrigues (PB)

Sérgio Guerra (PE)

Wandenkolk Gonçalves (PA)

PCdoB

Aldo Rebelo (SP)

Manuela D’Ávila (RS)

Perpétua Almeida (AC)

PDT

Ademir Camilo (MG)

Dr. Jorge Silva (ES)

Enio Bacci (RS)

Marcos Medrado (BA)

Paulo Rubem Santiago (PE)

Sueli Vidigal (ES)

PP

Aguinaldo Ribeiro (PB)

Aline Corrêa (SP)

Arthur Lira (AL)

Beto Mansur (SP)

Carlos Magno (RO)

Eduardo da Fonte (PE)

Gladson Cameli (AC)

Jerônimo Goergen (RS)

José Linhares (CE)

José Otávio Germano (RS)

Luiz Argôlo (BA)

Luiz Fernando Faria (MG)

Márcio Reinaldo Moreira (MG)

Nelson Meurer (PR)

Paulo Maluf (SP)

Raul Lima (RR)

Renato Molling (RS)

Sandes Júnior (GO)

PPS

Arnaldo Jordy (PA)

Roberto Freire (SP)

Stepan Nercessian (RJ)

PR

Aelton Freitas (MG)

Anderson Ferreira (PE)

Bernardo Santana de Vasconcellos (MG)

Diego Andrade (MG)

Dr. Adilson Soares (RJ)

Gorete Pereira (CE)

Inocêncio de Oliveira (PE)

Jaime Martins (MG)

João Carlos Bacelar (BA)

João Maia (RN)

Lincoln Portela (MG)

Luciano Castro (RR)

Lúcio Vale (PA)

Maurício Trindade (BA)

Paulo Freire (SP)

Sandro Mabel (GO)

Valdemar Costa Neto (SP)

Wellington Roberto (PB)

Zé Vieira (MA)

PSB

Ana Arraes (PE)

Antonio Balhmann (CE)

Audifax (ES)

Dr. Ubiali (SP)

Fernando Coelho Filho (PE)

Givaldo Carimbão (AL)

Gonzaga Patriota (PE)

Júlio Delgado (MG)

Paulo Foletto (ES)

Sandra Rosado (RN)

Valtenir Pereira (MT)

PSL

Dr. Grilo (MG)

PMN

Walter Tosta (MG)

PSC

Antônia Lúcia (AC)

Edmar Arruda (PR)

Hugo Leal (RJ)

Nelson Padovani (PR)

Sérgio Brito (BA)

Silas Câmara (AM)

Takayama (PR)

Zequinha Marinho (PA)

PTB

Antonio Brito (BA)

Arnon Bezerra (CE)

João Lyra (AL)

Jorge Corte Leal (PE)

Nelson Marquezelli (SP)

Paes Landim (PI)

Walney Rocha (RJ)

PTdoB

Cristiano (RJ)

Luis Tibé (MG)

Rosinha da Adefal (AL)

PV

Antônio Roberto (MG)

Dr. Aluizio (RJ)

Gente cruz credo pé de pato mangalô

Esses gostam de gastos secretos e não ligam para a transparência:
Nesta quinta-feira, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, por 272 votos contra 76, a Medida Provisória 527/2011, que institui a ladroagem sem risco de vigilância e sem cadeia na gastança com a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Guarde os nomes dos que votaram a favor da roubalheira secreta e sem limites:

PT

Alessandro Molon (RJ)

Amauri Teixeira (BA)

André Vargas (PR)

Arlindo Chinaglia (SP)

Artur Bruno (CE)

Assis Carvalho (PI)

Assis do Couto (PR)

Benedita da Silva (RJ)

Beto Faro (PA)

Cândido Vaccarezza (SP)

Carlinhos Almeida (SP)

Carlos Zarattini (SP)

Chico D`Angelo (RJ)

Cláudio Puty (PA)

Dalva Figueiredo (AP)

Décio Lima (SC)

Devanir Ribeiro (SP)

Domingos Dutra (MA)

Dr. Rosinha (PR)

Eliane Rolim (RJ)

Erika Kokay (DF)

Fernando Marroni (RS)

Francisco Praciano (AM)

Gabriel Guimarães (MG)

Gilmar Machado (MG)

Janete Rocha Pietá (SP)

Jesus Rodrigues (PI)

Jilmar Tatto (SP)

João Paulo Lima (PE)

José Airton (CE)

José De Filippi (SP)

José Guimarães (CE)

José Mentor (SP)

Joseph Bandeira (BA)

Josias Gomes (BA)

Leonardo Monteiro (MG)

Luci Choinacki (SC)

Luiz Alberto (BA)

Luiz Couto (PB)

Márcio Macêdo (SE)

Marcon (RS)

Marina Santanna (GO)

Miriquinho Batista (PA)

Nazareno Fonteles (PI)

Nelson Pellegrino (BA)

Newton Lima (SP)

Odair Cunha (MG)

Padre João (MG)

Padre Ton (RO)

Pedro Eugênio (PE)

Pedro Uczai (SC)

Policarpo (DF)

Reginaldo Lopes (MG)

Ricardo Berzoini (SP)

Ronaldo Zulke (RS)

Rubens Otoni (GO)

Rui Costa (BA)

Ságuas Moraes (MT)

Sérgio Barradas Carneiro (BA)

Sibá Machado (AC)

Taumaturgo Lima (AC)

Valmir Assunção (BA)

Vander Loubet (MS)

Vicentinho (SP)

Waldenor Pereira (BA)

Weliton Prado (MG)

Zé Geraldo (PA)

Zeca Dirceu (PR)

PMDB

Alberto Filho (MA)

Alceu Moreira (RS)

Almeida Lima (SE)

Arthur Oliveira Maia (BA)

Átila Lins (AM)

Benjamin Maranhão (PB)

Carlos Bezerra (MT)

Celso Maldaner (SC)

Danilo Forte (CE)

Edinho Araújo (SP)

Edson Ezequiel (RJ)

Eduardo Cunha (RJ)

Fabio Trad (MS)

Fátima Pelaes (AP)

Fernando Jordão (RJ)

Flaviano Melo (AC)

Francisco Escórcio (MA)

Gabriel Chalita (SP)

Gean Loureiro (SC)

Geraldo Resende (MS)

Íris de Araújo (GO)

João Arruda (PR)

João Magalhães (MG)

Joaquim Beltrão (AL)

José Priante (PA)

Júnior Coimbra (TO)

Leandro Vilela (GO)

Leonardo Quintão (MG)

Luciano Moreira (MA)

Lucio Vieira Lima (BA)

Manoel Junior (PB)

Marçal Filho (MS)

Marcelo Castro (PI)

Marinha Raupp (RO)

Marllos Sampaio (PI)

Mauro Lopes (MG)

Mendes Ribeiro Filho (RS)

Moacir Micheletto (PR)

Nelson Bornier (RJ)

Newton Cardoso (MG)

Nilda Gondim (PB)

Osmar Serraglio (PR)

Osmar Terra (RS)

Paulo Piau (MG)

Pedro Chaves (GO)

Professor Setimo (MA)

Raimundão (CE)

Renan Filho (AL)

Rogério Peninha Mendonça (SC)

Ronaldo Benedet (SC)

Saraiva Felipe (MG)

Teresa Surita (RR)

Valdir Colatto (SC)

Washington Reis (RJ)

Wladimir Costa (PA)

PCdoB

Alice Portugal (BA)

Assis Melo (RS)

Chico Lopes (CE)

Daniel Almeida (BA)

Edson Pimenta (BA)

Evandro Milhomen (AP)

Jandira Feghali (RJ)

Jô Moraes (MG)

João Ananias (CE)

Luciana Santos (PE)

Osmar Júnior (PI)

PDT

André Figueiredo (CE)

Ângelo Agnolin (TO)

Brizola Neto (RJ)

Damião Feliciano (PB)

Flávia Morais (GO)

Giovani Cherini (RS)

Giovanni Queiroz (PA)

José Carlos Araújo (BA)

Manato (ES)

Marcelo Matos (RJ)

Oziel Oliveira (BA)

Paulo Pereira da Silva (SP)

Salvador Zimbaldi (SP)

Vieira da Cunha (RS)

Zé Silva (MG)

PHS

Felipe Bornier (RJ)

José Humberto (MG)

PMN

Dr. Carlos Alberto (RJ)

Fábio Faria (RN)

Jaqueline Roriz (DF)


PP

Afonso Hamm (RS)

Carlos Souza (AM)

Cida Borghetti (PR)

Dilceu Sperafico (PR)

Dimas Fabiano (MG)

Iracema Portella (PI)

Jair Bolsonaro (RJ)

Lázaro Botelho (TO)

Missionário José Olimpio (SP)

Neri Geller (MT)

Rebecca Garcia (AM)

Renzo Braz (MG)

Roberto Balestra (GO)

Roberto Britto (BA)

Roberto Dorner (MT)

Roberto Teixeira (PE)

Simão Sessim (RJ)

Toninho Pinheiro (MG)

Vilson Covatti (RS)

Waldir Maranhão (MA)

Zonta (SC)


PR

Aracely de Paula (MG)

Davi Alves Silva Júnior (MA)

Dr. Paulo César (RJ)

Francisco Floriano (RJ)

Giacobo (PR)

Giroto (MS)

Henrique Oliveira (AM)

Homero Pereira (MT)

Izalci (DF)

José Rocha (BA)

Liliam Sá (RJ)

Lúcio Vale (PA)

Maurício Quintella Lessa (AL)

Milton Monti (SP)

Neilton Mulim (RJ)

Ronaldo Fonseca (DF)

Tiririca (SP)

Vicente Arruda (CE)

Wellington Fagundes (MT)

Zoinho (RJ)

PRB

Acelino Popó (BA)

Antonio Bulhões (SP)

Cleber Verde (MA)

George Hilton (MG)

Heleno Silva (SE)

Jhonatan de Jesus (RR)

Jorge Pinheiro (GO)

Márcio Marinho (BA)

Otoniel Lima (SP)

Ricardo Quirino (DF)

Vilalba (PE)

Vitor Paulo (RJ)

PRP

Jânio Natal (BA)

PSB

Alexandre Roso (RS)

Ariosto Holanda (CE)

Domingos Neto (CE)

Edson Silva (CE)

Glauber Braga (RJ)

Jefferson Campos (SP)

Jonas Donizette (SP)

José Stédile (RS)

Keiko Ota (SP)

Laurez Moreira (TO)

Leopoldo Meyer (PR)

Luiz Noé (RS)

Luiza Erundina (SP)

Mauro Nazif (RO)

Pastor Eurico (PE)

Ribamar Alves (MA)

Romário (RJ)

Valadares Filho (SE)

PSC

Andre Moura (SE)

Carlos Eduardo Cadoca (PE)

Deley (RJ)

Erivelton Santana (BA)

Filipe Pereira (RJ)

Lauriete (ES)

Marcelo Aguiar (SP)

Pastor Marco Feliciano (SP)

Ratinho Junior (PR)

Stefano Aguiar (MG)

PTB

Alex Canziani (PR)

Arnaldo Faria de Sá (SP)

Celia Rocha (AL)

Danrlei De Deus Hinterholz (RS)

Eros Biondini (MG)

José Augusto Maia (PE)

José Chaves (PE)

Josué Bengtson (PA)

Jovair Arantes (GO)

Nilton Capixaba (RO)

Ronaldo Nogueira (RS)

Sabino Castelo Branco (AM)

Sérgio Moraes (RS)

Silvio Costa (PE)

PTC

Edivaldo Holanda Junior (MA)

PTdoB

Lourival Mendes (MA)

PV

Alfredo Sirkis (RJ)

Fábio Ramalho (MG)

Guilherme Mussi (SP)

Henrique Afonso (AC)

Lindomar Garçon (RO)

Paulo Wagner (RN)

Penna (SP)

Ricardo Izar (SP)

Roberto de Lucena (SP)

Roberto Santiago (SP)

Rosane Ferreira (PR)

Sarney Filho (MA)

PPS

César Halum (TO)

Geraldo Thadeu (MG)

Moreira Mendes (RO)

PSDB

Alberto Mourão (SP)

Manoel Salviano (CE)

DEM

Jairo Ataide (MG)

Fernando Torres (BA)

Paulo Magalhães (BA)

Gente que é do bem

A lista dos 76 que votaram contra a roubalheira secreta e sem limites:

DEM

Abelardo Lupion (PR)

Alexandre Leite (SP)

Antonio Carlos Magalhães Neto (BA)

Arolde de Oliveira (RJ)

Augusto Coutinho (PE)

Claudio Cajado (BA)

Davi Alcolumbre (AP)

Eduardo Sciarra (PR)

Efraim Filho (PB)

Fábio Souto (BA)

Felipe Maia (RN)

Guilherme Campos (SP)

Hugo Napoleão (PI)

Jorge Tadeu Mudalen (SP)

Luiz Carlos Setim (PR)

Marcos Montes (MG)

Mendonça Filho (PE)

Onofre Santo Agostini (SC)

Onyx Lorenzoni (RS)

Pauderney Avelino (AM)

Paulo Cesar Quartiero (RR)

Walter Ihoshi (SP)

PCdoB

Delegado Protógenes (SP)

PDT

Felix Mendonça Júnior (BA)

João Dado (SP)

Miro Teixeira (RJ)

Reguffe (DF)

Wolney Queiroz (PE)

PMDB

Darcísio Perondi (RS)

Raul Henry (PE)

PP

Esperidião Amin (SC)

Luis Carlos Heinze (RS)

PPS

Arnaldo Jardim (SP)

Augusto Carvalho (DF)

Carmen Zanotto (SC)

Dimas Ramalho (SP)

Rubens Bueno (PR)

Sandro Alex (PR)

PR

Anthony Garotinho (RJ)

PSB

Abelardo Camarinha (SP)

PSDB

Antonio Carlos Mendes Thame (SP)

Antonio Imbassahy (BA)

Berinho Bantim (RR)

Bruno Araújo (PE)

Carlaile Pedrosa (MG)

Carlos Alberto Leréia (GO)

Carlos Brandão (MA)

Carlos Sampaio (SP)

Cesar Colnago (ES)

Delegado Waldir (GO)

Duarte Nogueira (SP)

Dudimar Paxiúba (PA)

Eduardo Azeredo (MG)

Eduardo Barbosa (MG)

Fernando Francischini (PR)

Hélio Santos (MA)

João Campos (GO)

Jutahy Junior (BA)

Luiz Fernando Machado (SP)

Luiz Nishimori (PR)

Marcus Pestana (MG)

Nelson Marchezan Junior (RS)

Paulo Abi-Ackel (MG)

Pinto Itamaraty (MA)

Raimundo Gomes de Matos (CE)

Reinaldo Azambuja (MS)

Rui Palmeira (AL)

Ruy Carneiro (PB)

Valdivino de Oliveira (GO)

Vanderlei Macris (SP)

Vaz de Lima (SP)

William Dib (SP)

PSL

Dr. Francisco Araújo (RR)

PSOL

Chico Alencar (RJ)

Ivan Valente (SP)

Jean Wyllys (RJ)

terça-feira, 21 de junho de 2011

A grande atriz da família

Era meio-dia e já estávamos a postos. Eu e a minha mulher fomos hoje assistir à primeira apresentação teatral da minha filha, que tem seis anos. Ela fez o papel de Vaca, na peça "Quem quebrou o pote?", de um autor que me foge o nome. Para quem esperava um drama policial altamente complexo, como eu, a solução do enigma após dez minutos de encenação foi um pouco decepcionante.

Mas valeu. Minha filha interpretou a Vaca com muita profundidade e disse a sua única fala com muita competência. Lá do fundo do teatrinho eu escutei a sua frase, emocionado. Por muito pouco, e também porque levei um chute na canela da minha mulher, eu não interrompi a apresentação com gritos de "Bravo! Bis,bis!".

Nem precisou. Logo que acabou a peça, a coordenadora pedagógica da escola semi-alternativa pediu a todos os pais para se sentarem para assistir à reapresentação do espetáculo. Achei ótimo. Lá estava a Coruja, querendo saber quem havia quebrado o pote. Ela pergunta para o Galo, depois para o Sapo, para o Jabuti, para o Avestruz, para o Elefante(ou Tamanduá, não sei), para a Vaca, para o Rinoceronte e até para o Cavalo(ou outro bicho que não descobri o que era), mas ninguém viu o que aconteceu. Por fim, três meninos vestidos de branco e soprando feito loucos entram no palco e assumem a autoria da quebração do pote.

Bolas! Eu estava torcendo para ter sido a Vaca. Dizem que toda grande atriz começa a carreira fazendo o papel de vilã.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

As meninas e a lavação do carro

Pelo menos uma vez por semana, as crianças chamam amigos para casa. Hoje minha filha trouxe uma amiga para passar a tarde com ela. Meu filho não conseguiu chamar ninguém. Fiquei muito tempo esperando a mãe da menina amiga chegar e quando fui encontrar o meu filho, todos os colegas já tinham ido embora.

_Todos não, pai. O pai do Fê ainda não chegou. Posso chamar ele?

_Não, o melhor é combinar com antecedência. E além disso, o Fê não é da sua sala, né?

_Não, ele é da outra turma. Mas pai, desse jeito não vou poder chamar ninguém.

_Pode sim. É só combinar com antecedência.

_Mas pai, eu esqueço de combinar.

_Anote em algum lugar. Em cima da hora é muito complicado e difícil.

Minha filha está radiante. Mas sua prima, não. Ela queria passar a tarde com a minha filha, mas os arranjos já estão feitos, não há como descombinar. Eu convido a prima para vir também e ela recusa, com cara de fim de mundo. Trinta minutos se passaram desde a minha chegada à escola até a saída com as crianças.

Durante o almoço as crianças falam de compras e aquisições. Querem um brinquedo que não consigo entender como se chama e nem como funciona. Minha filha tem um plano.

_Paiê, quanto custa para lavar o seu carro? - ela disse.

_Dez mangos - eu falei.

_Nossa! Paiê, a gente pode lavar o seu carro?

-Vocês podem, mas eu só pago cinco pratas.

_Mas paiê, porque você vai pagar menos?

_Porque vocês vão usar a minha água, o meu sabão, a minha esponja e o meu pano de lavar carro. Acontece que o aluguel disso tudo, fazendo as contas, noves fora e tirando os impostos, fica tudo em cinco pratas. Dez menos cinco, cinco.

Ela pensa um pouco. Cochicha no ouvido da amiga. Dá aquele sorrisinho de vitória.

_Paiê, e se a gente lavar o seu carro lá no vovô?

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Duas do Paul

A primeira é um clássico, que cantarolei com tradução simultânea para a minha princesa no café da manhã de hoje. Ela gostou, um pouco.



A segunda foi feita há vinte anos e relançada estes dias com esta nova roupagem delirante. Vale a pena.



Todas as vezes que eu escuto Paul McCartney acontecem coisas boas.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O melhor enterro segundo Feijó

Hoje eu estava retirando as cinzas da lareira, como eu prometi que faria, e fiquei lembrando de conversas velhas e amigos que não vejo há tempos. Remexer em cinzas é sempre uma coisa meio mórbida, sei lá, a gente acaba pensando em finitude e morte. Do pó viemos, ao pó voltaremos, essas coisas.

Enchi um balde grande de cinzas e ainda faltava muita coisa quando veio a lembrança de uma conversa que tive com o meu amigo Marcelo Feijó, o fotógrafo, na época em que tomávamos cerveja todos os finais de semana.

_Feijas, o que você acha de cremação? - eu disse.

_Virgem, cruzes, ave Maria! Gosto não!- disse o Feijó.

_Pô, Feijas, mas é muito mais prático - eu disse.

_Não gosto. E não acho prático. Mexer com fogo dá uma trabalheira, sai um fumacê. E ainda tem futum. Não, cremação não está com nada.

_Mas Feijas, não é preciso enterrar. Seu corpo vira um pó, uma coisa fácil de se transportar. Já imaginou, suas cinzas lançadas da torre Eiffel? Da estátua da liberdade? Do Cristo Redentor?

-Com a sorte que eu tenho, não chegaria nem ao Elevador Lacerda. Alguém acabaria me esquecendo num canto. Uma tia me usaria para fazer sabão. Não, senhor. Cremação é muito definitivo. Eu sou tradicionalista. Caixão, baú de madeira, carpideira, vela, choração, velha rezando terço, suco e biscoito.

_Mas tem carpideira, vela, velha, terço, choração, suco e biscoito em cremação também.

_Não tem nada. Eles marcam a hora e a torração é feita rapidinho. Pra mim não serve. Pra mim é enterro. E enterro tipo Glauber.

_Glauber?

_Glauber Rocha, pô! Você não viu o enterro do Glauber?

_Acho que não.

_Tinha tudo o que Nelson Rodrigues disse que teria no enterro do cafajeste: um monte de mulher linda chorando feito louca, meninos e meninas de várias cores e tipos, gente arrancando cabelos, velhinhas com terço, gente bebum, político discursando, banda de música, bloco de carnaval, passista, mãe e pai de santo, vendedora de cocada e acarajé, carrocinha de pipoca, churros, cachorro com cara triste, uma beleza. De repente, na hora de abaixar o baú, uma das mulheres se atira sobre o caixão. Ela quer ir junto. Ela está de blusa decotada, com sutiã rendado e mini-saia justa. Um sapato de salto alto agulha está na sua mão. Dá um vexame danado. Rasga a roupa. Grita. É retirada a custo por um monte de sujeitos de bigode, com jeito de cafetão. A mulher foge dos homens e se atira novamente sobre o caixão. Aí uma das velhinhas de preto, com vela acesa na mão, cochicha uma coisa no ouvido da mulher enlouquecida...

_Rapaz, teve tudo isso?

_Foi um enterro de cinema mesmo.

_O que será que a velhinha cochichou no ouvido da mulher?

_Não sei, mas não adiantou nada. Precisaram chamar os bombeiros para tirar a mulher de cima do caixão. Algumas crianças perderam a paciência e jogaram flores nela.

_Jura?

_Não tenho mais certeza. A realidade já se misturou com o meu desejo - disse o Feijó.

Lembro de ter feito uma pausa longa, imaginando se algum dia alguém pularia sobre o meu caixão desfigurado de amor e dor, sem se importar com o ridículo, rasgando roupa e arrancando os cabelos.

_Feijas?

_Fala.

_Será que o Glauber escreveu o roteiro do próprio enterro?

_Pode ser, pode ser. Era um gênio, o Glauber. Um gênio.

P.S: Duas frases mórbidas:
1- Tirante o Niemeyer, ninguém fica pra semente.
2- Quem haverá de cravar uma estaca no coração de Sir Ney?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sobre eclipses lunares

Passei boa parte do dia tentando encher um contêiner com entulho e papéis velhos. A papelada deu trabalho. São páginas e mais páginas guardadas há mais de 10 anos. Papers e monografias, estudos, textos esparsos, rabiscos, provas, rascunhos, anotações e um monte de coisas que ficaram guardados em caixas plásticas no quartinho da garagem do antigo apê.

Durante todo esse tempo nunca precisamos sequer de uma única folhinha da pequena montanha que juntamos. Mesmo assim, examinei criteriosamente todas as folhas para evitar jogar fora algum certificado ou coisa aproveitável.

Também foi necessário picotar e destruir alguns papéis. Depois de uma hora com a picotadora que peguei emprestado com a minha irmã, desisti de filetar os papéis. É uma picotadora antiga, tive que usar um transformador para 110V. Se eu colocasse mais de cinco folhas de uma vez, a máquina emperrava. Isso aconteceu uma porção de vezes.

Depois eu resolvi que seria mais rápido queimar os papéis. É lógico que estava errado. As folhas ainda estão queimando na lareira enquanto escrevo. Existe uma grossa camada de cinzas. Basta remover a camada com cuidado para descobrir lá no fundo os fantásticos maços de folhas de papel em brasa.

Amanhã de manhã as brasas continuarão a existir sob a grossa camada de cinzas. Espero conseguir limpar a lareira e colocar as cinzas no contêiner antes que o caminhão o recolha.

Não sei nada sobre eclipses lunares.

terça-feira, 14 de junho de 2011

O Careca vê a lua e assa o queijo

Aconteceu no último sábado. Aproveitei o frio que estava fazendo e segui a "sugestão peremptória" de uma grande amiga para estreiar a lareira daqui de casa. Sim, eu sei que não estava abaixo de zero e não havia o menor risco de nevar. Sim, é o cúmulo do exibicionismo se esquentar na lareira da sala. Sim, foi o maior barato.

Convidamos poucos amigos por motivos óbvios: não temos móveis na sala(só dois banquinhos) e tudo foi decidido no final da tarde de sábado. Mas quem não foi com certeza deve ter sentido as orelhas quentes, porque nos atualizamos com as informações sobre todos e fizemos "churrasquinho" dos ausentes, é óbvio. Outras oportunidades surgirão.

Por sugestão peremptória do Cabeça, o Rogério trouxe um telescópio gigantesco para olharmos as estrelas. E, meninos, eu vi! Pela primeira vez eu vi a lua por um telescópio e fiquei embasbacado. Também vi Saturno e um grupo de estrelas chamado "Caixinha de Jóias". Mas foi a lua que me deixou tonto. A imagem era perfeita, melhor do que todas as fotos e filmes que eu já havia visto. E as cores e a textura me impressionaram vivamente.

Foi um momento solene. Naquele instante, parecia que em algum lugar tocava "Assim falava Zaratustra". Eu mesmo me imaginei como o elo perdido fazendo batucada com ossos junto ao monolito negro. Uau!

Como era de se esperar, a livre associação de idéias e um pouco de vinho na cabeça me induziram ao movimento seguinte. Tratei de colocar queijo coalho numa grelha para assar na lareira. Apesar do agouro de alguns, a peripécia deu certo. Assamos o queijo coalho e ninguém se machucou. No final teve até bis. Só uma pessoa não gostou.

_Paiê, você tinha que assar o MEU queijo coalho! - disse a minha menina.

No dia seguinte, tive de correr ao supermercado para comprar mais queijo coalho. Preciso comprar um telescópio. Tenho que manter a adega cheia. Agora, meninos, eu já sei o que combina com a lareira.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Uma festa de aniversário

Quase todo sábado/domingo tem festa de aniversário de algum coleguinha das crianças. Em algumas, quando existe uma rede de proteção de pais conhecidos e colegas, é possível deixar as crianças e voltar horas depois. Mas na maioria das vezes é melhor ficar junto da meninada. Foi o que aconteceu neste domingo. Fiquei com os dois numa festinha de uma antiga colega, do tempo em que as crianças frequentavam uma escola muito mais alternativa.

O salão de festas ficava no térreo e era um pouco apertado. Havia uma cama elástica e um brinquedo de luta de "cotonetes". Achei estranho, porque o aniversário era de uma menina de oito anos. Meu filho achou ótimo e não quis brincar de outra coisa. Minha filha completou umas 15 entradas no pula-pula.

Para não ficar muito entediado de ficar só olhando a criançada se divertindo, acabei por sentar à mesa com um grupo de pais desconhecidos. A mãe da aniversariante fez a gentileza de me apresentar a todos, mas não guardei o nome de ninguém. Tenho certeza de que todos esqueceram o meu nome assim que ele deixou de ser pronunciado.

Senti falta do meu caderno de desenhos assim que as apresentações foram feitas. Eu sempre ando com um caderno de desenhos nos aniversários, assim posso ficar sozinho e desenhar numa boa. Mas desta vez não teve jeito, tive que ficar prestando atenção em conversa de festinha.

Tenho o maior preconceito com as conversas de festinha. Elas invariavelmente tratam dois assuntos: crianças e especulação imobiliária. Na hora em que eu cheguei, o tema das crianças já estava minguado. O quente era a coqueluche imoviliária. Em Brasília, todos parecem saber o valor do metro quadrado de onde moram. Em toda festa é possível encontrar pelo menos um especialista em mercado de imóveis. Nessa festa, tinha um exatamente ao meu lado. O cara puxou conversa.

_Eu sou incorporador - ele disse.

_Bacana, eu sou católico, mas sou muito relapso, faz tempo que eu não vou à missa - eu disse.

O sujeito começou a conversar seriamente sobre o mercado imobiliário. As outras pessoas da mesa ficaram alvoraçadas. Algumas pediram dicas de investimento. Outras falaram de graves complicações em reformas, geradas pela falta de mão-de-obra qualificada. Eu fiquei calado. O sujeito me estendeu um cartão, só para o caso de algum dia eu precisar de um incorporador. Coloquei o cartão no bolso.

Um velhinho ao fundo, olhava para a mesa, tristonho. Ele estava com um lado do rosto bastante machucado. Depois eu soube que tinha mais de oitenta anos e havia levando um tombo na rua, na noite anterior à festa.

_Um porteiro o socorreu. Ele deu o maior trabalho, porque não queria ser levado ao hospital. Levou seis pontos no rosto, imagine - contou a filha do velhinho.

Uma mulher da mesa me confidencia que sua filha havia feito uma coisa horrível na noite anterior.

_Ela abriu o presente que daríamos para a aniversariante. Disse que tinha certeza de que a menina detestaria o presente. Eu a repreendi e disse para ela que isso era muito grave. Ela está de castigo, sem balas e doces por um mês. Também disse a ela que não fizesse isso nunca mais. Você acha que fui muito severa?

Eu disse que não. Depois eu vi a menina que abriu o presente da outra. Ela estava comendo balas e doces.

Na hora de ir embora, depois de cantar os parabéns, minha filha quis lutar de "cotonetes". Mas eu não quis esperar.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O Careca fala das panturrilhas

A área da garagem está mais limpa. Amanhã terminarei de jogar as coisas velhas no contêiner. Torço para fazer sol. Meu filho tem um jogo de futebol e minha filha tem um aniversário para ir no período da manhã. Minha mulher estará dando aula. Terei de me desdobrar para atendê-los. Ou então torcer para uma chuvinha fraca. Aí o jogo será adiado e sobra apenas o aniversário. Com um pouco de planejamento, consigo fazer as coisas. Mas o que me salva são coisas fortuitas, golpes de sorte, acasos felizes. Finda essa etapa, começarei a colocar a leitura em dia. E aí, pobre de vocês da minha kombi de leitores, vou me dedicar mais à escrita.

Nos últimos meses, tenho dedicado grande parte do meu tempo para as coisas práticas da casa. Houve também um período de adaptação aos novos espaços. Uma das coisas que tratei logo de aprender foi a de planejar a movimentação dentro de casa. A casa é grande e nos primeiros dias fiquei com dor nas pernas de tanto subir e descer as escadas. Agora não faço descida à tôa. As batatas das pernas agradecem. Mas ainda preciso melhorar. Esqueço muitas coisas fora de lugar e acabo perambulando demais à procura dos trecos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Chove lá fora

Neste momento, chove lá fora e aqui faz tanto frio, igualzinho à música do Lobão. Consegui completar a minha lista de tarefas, mas ainda preciso finalizar algumas coisas. O dia rendeu bastante e o jardineiro ajudou a deixar tudo mais limpo. Eu pretendia chamar os amigos para comer um churrasco neste final de semana, mas terei que deixar para o próximo. Está muito em cima da hora e é preciso jogar muitas tralhas fora. O contêiner está na porta de casa, já pela metade.

A chuva é inesperada. Há dois dias, tive que abrir a torneira para completar a piscina porque ela estava baixa demais. O piscineiro me aconselhou a colocar mais água para evitar problemas. Os azulejos podem ficar fofos e estufar. Alguns podem até se soltar. Acreditei. O piscineiro vem duas vezes por semana e não cobra caro. Mas a filtragem dele joga uma barbaridade de água fora. A próxima etapa é trocar a areia do filtro de areia e arrumar as máquinas da piscina.

Traço um monte de etapas na minha cabeça, estabelecendo prioridades. Depois mudo a ordem de tudo. Às vezes penso em organizar o escritório, mas não quero ficar dentro de casa. Quero ficar ao ar livre. Sentir o vento, ir para o sol, ficar na sombra. É tão bom não estar entre quatro paredes durante as melhores oito horas do dia. É tão bom não estar encerrado num cubículo de frente para uma tela de LCD. Depois penso o contrário, sinto saudades da última rotina. Mas não. Penso melhor. Sinto saudades de algumas pessoas, a rotina era ruim, o ambiente se tornara pesado.

Chove lá fora e a água encharca algumas coisas que havia deixado espalhadas. Mas não importo. Amanhã coloco tudo para secar ao sol.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Três ou quatro parágrafos

Devo terminar amanhã a limpeza e arrumação da tranqueiragem do velho apê. Nesse meio tempo, montei três grandes guarda-roupas e dois racks com os pedaços dos velhos armários dos quartos das crianças. Também fiz um baú, que pintei de amarelo, para colocar toalhas e roupões ao lado da piscina. Minha mulher não gostou da cor do baú e já me avisou que estou inventando coisas demais. De fato, estou. Mas acho lastimável jogar tantas peças de madeira fora. Amanhã devo encerrar a produção de baús com a montagem de um último, que também devo colocar ao lado da piscina.

Com a ajuda do jardineiro, devo concluir a limpeza da área de churrasqueira. Ainda estou sem idéias para melhorar aquele espaço. Mas será necessário fazer alguma coisa. Os tijolos estão esfarelando de baixo para cima e receio ser obrigado a mais uma pequena reforma.

Por sugestão da minha filha, construí com uns restos de portas de armários e pranchas de compensado uma pequena casinha para o Rafa. Ele gostou. Amanhã vou tirar uma foto para colocar no blog. Ficou sem porta, parecendo um cubo de madeira. Minha filha achou que precisava de rodinhas. Então eu coloquei rodinhas. Rafa aprovou, com satisfação.

Tenho preenchido meus dias com uma série de pequenos serviços em casa. Coisas que preciso arrumar, consertar, montar, pintar, limpar, recuperar, etc. Às vezes bate uma sensação ruim, de que estou perdendo tempo precioso. Nessas horas a ansiedade aumenta de um modo desesperador, corro para o computador para escrever mas nada funciona.

Quando estava empregado, vivia lamentando a falta de tempo para escrever e desenhar. As idéias surgiam aos borbotões, as imagens desfilavam em instantâneos magníficos. Só me faltava tempo. Desde o desligamento imediato, no entanto, luto para não deixar a página em branco. Mas sei muito bem que a única coisa que mudou foi a desculpa para não fazer o que eu tenho que fazer, que é escrever e desenhar. E as duas coisas só são fáceis quando a mente está atenta ao que diz o coração, ao que cala fundo na alma.

Telefonei para amigos e conhecidos de outros trabalhos, de outros empregos. Enviei currículo. Estou na área. Se derrubar é pênalti. Mas ninguém retornou. Fiz uma entrevista há algum tempo. A pessoa se mostrou entusiasmada comigo, com a minha experiência, prometeu um retorno em breve. Mas isso foi antes da minha mudança.

Quando estou bem cansado, às vezes surge uma idéia bacana para um texto. Mas estrago tudo com uma voz de literatura, com o tom empolado de quem escreve uma estória. O que menos quero é aquele timbre de discurso velho. Então tenho de começar de novo e a boa idéia some, se apequena esprimida entre dois ou três parágrafos.

E há também a atual conjuntura. Caramba! Pallhóquio desce as escadas, mas continua no Conselho da Petrobrás. Ele agradeceu a todos por tudo o que está na sua conta. Battisti é um assassino livre. Ele não pretende se naturalizar, é claro. Ronaldo parou de jogar porque está de sete meses. Ele jogava um bolão, mas hoje é um bolão.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Palhóci cai com seis linhas

As piadas continuam. Depois que o Desencontrador Geral usou vinte e sete páginas para arquivar a possibilidade de investigar o Dr. Palhóci, o ex-consultor que não mafagafava tratou logo de pedir o boné. Em nota de três parágrafos e oito linhas, o palácio confirmou a demissão do Pelé do sigilo e da confidencialidade. Ou melhor, das oito linhas da nota do peteleco em Palhóquio, duas foram utilizadas para anunciar o nome da sucessora na Casa. Desse modo, o gênio que multiplicou o patrimônio vinte vezes nos últimos quatro anos, foi despachado do palácio com míseras seis linhas.

É o fim da crise política? Somente para Aecim, o crocodilo da oposição, que se apressou a colocar um ponto final onde ainda existe muito espaço para reticências. O Desencontrador Geral será instado a esclarecer o arquivamento. De olho na recondução(ou na vaga de Ellen Gracie no STF - dizem que ela antecipará a aposentadoria), o Perdidinho Geral fez a escadinha para que o pontapé em Palófi parecesse menos feio. Como já aconteceu outras vezes aos canalhas que se prestam a esse tipo de favores, deverá ficar pendurado no pincel, isolado e macambúzio.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Até secar

O espetáculo do fica ou não fica do Doutor Palóssite é super-divertido. É extraordinário que ele não demonstre um pingo de amor próprio e insista em permanecer. Tivesse um mínimo de pudor, não teria assumido o posto. Mas essa gente é de outra estirpe, só larga o osso a chibatadas.

Por mim, espero que continue a proporcionar esse espetáculo desolador. Durante a entrevista em que tremeu e gaguejou como se fosse flácido, Palóchio desconstruiu o próprio mito. Revelou-se um regurgitador de frases feitas. Foi como assistir ao rabo abanando o cachorro. A parte em que fala em boa fé deveria virar tema de samba-enredo no próximo carnaval.

A melhor parte dessa triste pantomina vem sendo proporcionada pelos artigos sensacionais de Augusto Nunes, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Lúcia Hipólito e, no último domingo, pelo insuperável João Ubaldo Ribeiro, em "O Globo". Craque da palavra, Ubaldo destrinchou a crise "Palófice" com uma crônica irônica e inteligente.

Com a decisão do procurador (a ser reconduzido ao cargo) de arquivar o assunto Palhoci, esta semana promete mais alguns dias de sangria lenta do ser que não trafica influenza. O ministro que frequentava uma casa de encontros noturnos e foi reconhecido por um modesto e honesto caseiro parece querer continuar a fazer daquela outra casa, a sua casa. Diga-se de passagem, a sua casa é alugada de uma ex-imobiliária que hoje vende colchões. A gerente da ex-imobiliária não sabe que a ex-empresa era a dona do contrato com o ex-ministro que virou ministro de novo. Esse não sabimento é compreensível porque Palhoffi é um ser em permanente transformação. Passou de ex-ministro a deputado que prestava serviços de consultoria, virou coordenador de campanha e ex-dono de empresa, e depois se tornou coordenador da equipe de transição, mas extra-oficialmente. Não se sabe com qual persona ele assinou o contrato com a ex-imobiliária. Também não se sabe se o aluguel está em dia, ou se a ex-imobiliária está na lista de clientes sigilosos do ser que, por decisão do Supremo, não violou o sigilo do caseiro.

Aliás, Palióci é a negativa em carne, osso e alguma gordura. Ele não traficou influência. Ele não consegue pronunciar ninho mafagafos cheio de mafagafinhos. Ele não enriqueceu ilicitamente. Ele não diz para quem trabalhou. Ele não revela o que consultou. Ele não se arrepende. Ele não comunicou os superiores sobre suas consultorias.

Daquela outra vez ele também estava cheio de negativas. Ele não frequentava a casa. Ele jamais ouvira falar em Mary Jane Corner. Ele não tinha encontro de negócios noturnos, ou melhor, encontros noturnos de negócios. Ele não mandou violar o sigilo do caseiro. Ele não achava que seria demitido.

sábado, 4 de junho de 2011

Minha entrevista com Paulóssi

Segue aí a minha lista de preguntas ao Dr. Palócity:

_Dr. Paulóssi, foi o senhor que fez aquelas contas erradas nos livros do MEC?

_Dr. Palófice, alugar apê de laranja tem desconto de condomínio?

_Dr. Palost, se o Sr. gastou 6 paus para comprar um apê, por quê ainda mora de aluguel?

_Dotô Paulóft, como eu faço para o meu patrimônio crescer vinte vezes em quatro anos sem correr o risco de ir em cana?

_Dr. Palóquio, mentir aumenta o seu problema de dicção?

_Doutor Palóffi, ia muita gente naquelas palestras de vinte, trinta mil reais?

_Doutor Palhoci, o certo é um milhão por fusão ou com fusão?

_Dr. Palhof, o vice-presidente fala mais alto que a presidenta?

_Dr. Palhossi, quando deixar o governo pretende retomar os serviços de consultoria?

_Dr. Palóssiti, daquela lista de 20 a 25 empresas todo mundo já pagou ou ainda falta receber?

_Dr. Palófite, o Sr. quer uma nova chance ou duas vezes já está bom demais?

_Dr. Palhóquio, acha que os seus clientes vão mandar cartão no Natal?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Careca encontra a solução para Palófi

Gente, depois de muito pensar finalmente encontrei a solução final para o Doutor Paulóssi e a dinheirama(vinte milhões) que recebeu nos últimos dois meses de 2010. Como é grana "pessoal", não é "coletiva", então ele só precisa dizer que todas as notas estão manchadas com aquela tinta que os bancos usam para rastrear caixa automático estourado. Que tal?

Como todo mundo sabe, tem gente nesse governo que gosta mesmo é de dividir prejuízo dos bancos com a gente. Os mais de 80 assaltos com explosivos nos bancos de São Paulo resultaram em milhões de reais de notas manchadas de tinta rosa. Essa fortuna pink, por decisão dos gênios que gostam de fazer o povo pagar o pato, não vale nada.

A decisão é uma pérola de sabedoria porque agora todos nós temos que vigiar a grana que circula, inclusive a que sai dos caixas automáticos, para não pegar dinheiro sem valor. Todos nós, menos os gatunos que estouram os caixas e os Doutores Meliantes que não precisam sequer explicar as cifras cabeludas que recebem por consultas fajutas ao pé do ouvido.

Por isso, eu acho que a melhor solução para o Dr. Paulóffi é ele dizer que as notas que recebeu estão manchadas de rosa. A única complicação é que pela decisão do pessoal do governo que não gosta de gente comum, todo mundo que recebe dinheiro manchado tem que explicar onde, como e de quem recebeu o dinheiro micado que não vale nada.

O estranho disso é que eu continuo achando que deveria ser exatamente o contrário, como era antigamente até antes do Doutor Paulóffissi descobrir quanto o caseiro ganhava do pai. Naquele tempo, quando o pessoal do Supremo ainda não havia decidido que devassar uma conta e contar a movimentação pra todo mundo não era violar o sigilo, autoridades e servidores públicos eram obrigados por lei a explicar onde, como e porquê do crescimento do patrimônio pessoal.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Os dois aniversários da minha mãe

Nesta quinta-feira comemoramos o aniversário da minha mãe. De acordo com ela, dia dois de junho é realmente o dia do seu aniversário. Mas de acordo com a certidão de nascimento, o aniversário é no dia seis de junho. Qual é o dia certo para se comemorar? Minha mãe jura que é o dia dois e que sempre comemorou no mesmo dia. Mas algumas tias dizem que não, só para aumentar a confusão.

A controvérsia começou quando ainda era um menino. Minha mãe conta que nos idos de antigamente, ela preparou um jantar super-especial, se arrumou e fez um bolo e ficou linda e maravilhosa esperando os cumprimentos do meu pai e dos quatro filhos. Todos nós jantamos o jantar estupendo, conversamos e rimos mas nada de ninguém lembrar do aniversário.

_Bonito, hem! Ninguém lembrou do meu aniversário - disse a minha mãe.

Conta ela que eu, meu irmão e minhas irmãs caímos no choro na hora em que ela tirou o bolo da geladeira. Era a querosene, a geladeira. Para se desculpar sem dar o braço a torcer, meu pai lembrou de que a data na identidade era o dia 6 e que naquele ano todos nós iríamos comemorar o aniversário oficial no dia correto.

_E aí seu pai inventou essa história de comemorar no dia 6. Mas é falso. Na identidade colocaram a data errada e só fui percebeu muitos anos depois. Tenho preguiça de corrigir o documento.

Por via das dúvidas, desde aquela vez nós cantamos parabéns para minha mãe duas vezes por ano.

Frase do dia