Pelo menos uma vez por semana, as crianças chamam amigos para casa. Hoje minha filha trouxe uma amiga para passar a tarde com ela. Meu filho não conseguiu chamar ninguém. Fiquei muito tempo esperando a mãe da menina amiga chegar e quando fui encontrar o meu filho, todos os colegas já tinham ido embora.
_Todos não, pai. O pai do Fê ainda não chegou. Posso chamar ele?
_Não, o melhor é combinar com antecedência. E além disso, o Fê não é da sua sala, né?
_Não, ele é da outra turma. Mas pai, desse jeito não vou poder chamar ninguém.
_Pode sim. É só combinar com antecedência.
_Mas pai, eu esqueço de combinar.
_Anote em algum lugar. Em cima da hora é muito complicado e difícil.
Minha filha está radiante. Mas sua prima, não. Ela queria passar a tarde com a minha filha, mas os arranjos já estão feitos, não há como descombinar. Eu convido a prima para vir também e ela recusa, com cara de fim de mundo. Trinta minutos se passaram desde a minha chegada à escola até a saída com as crianças.
Durante o almoço as crianças falam de compras e aquisições. Querem um brinquedo que não consigo entender como se chama e nem como funciona. Minha filha tem um plano.
_Paiê, quanto custa para lavar o seu carro? - ela disse.
_Dez mangos - eu falei.
_Nossa! Paiê, a gente pode lavar o seu carro?
-Vocês podem, mas eu só pago cinco pratas.
_Mas paiê, porque você vai pagar menos?
_Porque vocês vão usar a minha água, o meu sabão, a minha esponja e o meu pano de lavar carro. Acontece que o aluguel disso tudo, fazendo as contas, noves fora e tirando os impostos, fica tudo em cinco pratas. Dez menos cinco, cinco.
Ela pensa um pouco. Cochicha no ouvido da amiga. Dá aquele sorrisinho de vitória.
_Paiê, e se a gente lavar o seu carro lá no vovô?
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