Estávamos hoje conversando um pouco, depois do almoço generoso de domingo.
_Caramba, há oito anos não se passa nem uma única semana sem um escândalo - disse o meu cunhado.
_Pois é, o super-ministro caiu tem umas duas semanas e nesse meio tempo já surgiram coisas do arco da velha - eu disse.
_O que foi agora?
_Teve a emenda do sigilo da licitação, o sigilo da informação do governo, os hackers, a relação Cabral-empreiteira da Bahia, a libertação do assassino italiano, a agonia do turista na Lapa, teve um monte de coisa.
_Dá até canseira de tanto escândalo - disse o cunhado.
_Fica chato comentar. Parece implicância da gente.
_O que será que vai pintar nessa semana?
_Não sei, mas poderiam mandar um criminoso para a cadeia, só pra variar.
Acabou que ficamos meio em silêncio porque estávamos cansados de falar das coisas que não funcionam direito, das mudanças que nunca acontecem, das roubalheiras que continuam acontecendo, do desrespeito aos cidadãos, da agressão diária à dignidade e à inteligência de todos nós.
_O almoço aqui na sogra estava muito bom, mas acho que vou embora mais cedo hoje - eu disse.
_Dá uma carona? - disse a minha cunhada.
_Será que cabe todo mundo? - eu disse.
_Somos oito, as crianças menores vão no colo.
_Fico pensando no peso - eu disse.
_Você está chamando alguém aqui de gorda? - disse a minha cunhada.
As luzes do robô de Perdidos no Espaço começaram a piscar loucamente, os braços moles com mãos de gancho balançando fortemente: perigo, perigo, perigo.
_Imagine - eu disse.
_Eu também não me acho gorda. Tudo é uma questão de distribuição. Eu e a Gisele Bundchen pesamos a mesma coisa. A diferença são uns vinte centímetros a mais. Analisando bem a coisa, eu não sou gorda, sou baixinha.
Tive que concordar com o ponto de vista. E depois coube todo mundo no carro. Ah, e ninguém soube dizer qual será o escândalo desta semana. Tudo pode acontecer.
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