segunda-feira, 30 de junho de 2008
A maldição do rotavírus mutante
Ele atacou novamente. E começou no sábado. O maldito rotavírus mutante que está derrubando metade da humanidade desta cidade abalou a Rose no sábado, pouco antes do almoço. Nós estávamos tranqüilamente no final do planejamento da “tarde inteira sem dizer não” quando olhamos para a nossa cozinheira-lavadeira-passadeira-governanta-babá e doceira. A Rose estava branca. E suava. E depois corria para o banheiro.
Eu sabia o que era. As duas crianças já haviam sido atacadas, durante as duas últimas semanas. Eu já havia sido atacado, durante a semana. A Patroa já havia sido atacada, na semana anterior. E agora o rotavírus partia para cima da Rose. O sintoma menos escatológico desse maldito vírus é o enjôo. Ele provocou efeitos tão funestos em mim que eu considerei a possibilidade de usar uma fralda geriátrica. Mas eu não gosto de roupa íntima com adesivo.
Assim, no sábado nós dispensamos a Rose e fomos ao cinema com a trupe, conforme escrevi ontem. No domingo, nós abusamos dos avós. Ficamos, ou melhor, eu fiquei na maior mordomia explícita na casa dos pais da Patroa, observando os pobres sexagenários a correr atrás das crianças. É tão bonito isso, de ser um espectador da interação entre diferentes gerações, que eu não quis interferir. E para melhorar ainda mais a minha mordomia (aqui me tens de regresso) uma das irmãs da Patroa se ofereceu para levar a dupla dinâmica na exposição do Darwin.
Obrigado, eu pensei, obrigado, obrigado. Quase soltei foguetes. Rezei orações silenciosas em agradecimento. Ou seja, passei um dia inteiro numa boa total, só vendo filme, futebol e coisas interessantes na TV.
Obviamente, fui terrivelmente castigado nesta segunda-feira, onde o tédio e a preguiça de trabalhar estavam estampadas em todos os rostos no trabalho. Para animar a moçada, eu tentei contar uma piada.
Aquela, do mineirinho que passa o dia na beira do rio, vendo um cearense pescar. O mineirinho calado, calado, só coçando bicho de pé e mascando aqueles fiapos brancos, de raiz de graminha. No final da tarde, enjoado daquilo, o cearense resolve provocar.
_E aí, mineirinho, sabe pescar?
_Vixe, tenho paciência não...
Obviamente, ninguém sequer esboçou um sorriso. E eu me senti ridículo, ridículo.
A pior coisa de se contar uma piada não é ninguém rir. A pior é todo mundo continuar como se nada tivesse acontecido. E foi isso que aconteceu. Eu me senti um tradutor de sânscrito, alguém com uma língua morta dentro da boca sem ninguém interessado nisso.
Vou virar, vou virar, vou virar. Eu me virei para a minha tela de computador e trabalhei o dia inteiro, sem tentar ser engraçado. O lado bom, tem sempre um lado bom, é que o trabalho rendeu à beça.
Estou na torcida para a Rose ficar boa logo.
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2 comentários:
Careca,
Pior do que a segunda-feira é o domingo à noite, quando a lembrança da segunda-feira já se faz presente!
Sorria: hoje já é terça!
Abraço,
Mwho, você está trocando o dia pela noite, isso não é muito saudável. Abç,
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