domingo, 15 de junho de 2008
Filme do Shyamalan é bom mesmo
Conseguimos de novo. Eu e a Patroa fomos ao cinema, aproveitando uma janela da tarde sem as crianças. Nem planejamos nada e na frente do cinema do shopping ainda não sabíamos que iríamos assistir “Fim dos tempos”, do Shyamalan. Era o “Fim” ou aquele novo filme do Hulk. A Patroa me deu a opção de escolher. Eu escolhi o “Fim”.
Logo que entramos no cinema aconteceu uma coisa esquisita. Eu geralmente me acostumo rápido à mudança de luz, do claro para o escuro, mas neste sábado algum circuito dos meus olhos parece ter falhado. De modo que eu estava atrás da Patroa e de repente estava no breu total, sem enxergar absolutamente nada, nadica de nada. Ela fez uma curva abrupta e se sentou, falando comigo. Eu também fiz a curva e dei uma topada na orelha de um pobre coitado, que reclamou. Eu pedi desculpas, é lógico. Mas ainda não enxergava nada quando sentei. Foi rápido, tudo isso. E o sujeito da frente aceitou as desculpas.
Depois tudo voltou ao normal. Não se preocupe. Como o filme do Shyamalan é de suspense, não vou contar nada do que acontece. Só vou falar sobre as minhas impressões de como ele consegue construir as cenas mais arrepiantes do cinema atual. Hum! Pretensioso à beça!
O filme é bom mesmo. E confesso que se eu tivesse lido a baboseira que estão grudando nele, de que é um filme “ecológico”, eu teria simplesmente ido assistir ao Hulk. Sem ver o gigante verde, só pelo trailler, dá pra saber que o herói dos quadrinhos vai dar porrada e arrebentar. E com “ecológico” na cabeça, eu não teria conseguido embarcar na onda do Shyamalan como se deve (comme il faut). Ele mesmo, o Shyamalan, deve ter sacado de que o bla-blá-blá “ecológico” era um saco e o rótulo poderia espantar os fãs do suspense do telão. Talvez por isso, o Shyamalan tenha produzido uma das mais hilariantes cenas do filme, fazendo o Mark Whalberg contracenar com uma planta numa falsa biblioteca, numa falsa casa. É genial.
Como em dezenas de filmes produzidos em Hollywood, Bollywood e Japão, o “Fim dos Tempos” começa a partir da premissa de que o mundo vai acabar daqui a pouco, é só uma questão de horas, no máximo alguns dias. Ninguém entende direito como a coisa vai acontecer, mas vai. E acontece o tempo inteiro. O mundo está se acabando na frente dos olhos de um grupo formado por um casal sem filhos, um pai e uma menina. E eles querem sobreviver.
A Patroa gritou em pelo menos quatro cenas, junto com o cinema. Eu não grito. Eu sou do tipo que se assusta calado. Eu fiquei suado, de suor frio, coluna arrepiada. Fiquei com vontade de sair correndo, mas grudado na cadeira. É o suspense puro. O Shyamalan é mestre em deixar você pendurado no que vai acontecer dali a segundos. E você pode até adivinhar o que vai acontecer, mas mesmo assim ele vai conseguir provocar uma enorme surpresa em você. Acho que é pela maneira que ele mostra a coisa. A câmara flutua de jeito diferente. Faz um balé, às vezes. Parece fremir com o vento.
Shyamalan é um novo clássico. Quando todos estivermos em nossas cadeiras de rodas, tomando sol, nós vamos poder dizer aos netinhos que vimos os filmes desse gênio quando ainda havia camada de ozônio.
Só quando eu cheguei em casa que vi as marcas de unhas da Patroa no meu braço. Ela fica com medo e eu é que me lasco. Estou todo lanhado. E ela ainda disse que não gostou do filme. Para ela, o melhor do Shyamalan ainda é “Sinais”.
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8 comentários:
cara, tô super afim de ver.
o cara tb fez o sexto sentido, que acho fenomenal, por ser tão surpreendente.
eu parei de ler crítica de cinema. era tão diferente do que eu via/sentia com nos filmes.
como a maioria dos comentarístas e técnicos de futebol.
quando escuto sempre penso que eu e eles não vimos o mesmo jogo. só pode...
anna
Fiquei muito curiosa para ver esse filme. A tag 'ecológico' que colocaram em cima desse filme me afastou da possibilidade de assisti-lo.
Espero que seja mesmo um gênio para que eu também possa contar para os meus filhos, mas não sob debaixo do sol (no futuro isso será arriscado demais! hehe).
Anna, o menino que fez o sexto sentido (i can see dead people!)cresceu e já pensa em dirigir a continuação no papel que foi do Bruce Willys...
Cau, vá assistir. Vale a pena. O filme é legal, não é panfletário.
Obrigada pela diversão garantida!
Eu adoro ouvir histórias bem contadas, e é por isso que eu gosto dos filmes deste diretor e do seu blog. Por falar em histórias, você já leu: Achei que meu pai fosse Deus, do Paul Auster?
Gosto de histórias reais. Sempre quero ver um filme que começa com a frase: Baseado em fatos reais...
Um abraço
Tina Salimon
Você ao menos é marido...e um amigo meu que nem candidato a namorado era,quando fomos assistir tubarão?Engraçado é que não gritei,mas o que apertei o braço de meu amigo com as unhas afiadas que eu tinha naquele tempo,não foi nada engraçado para ele.Pretendo assistir se passar aqui e eu perceber(vivo fora do contexto).
Tina, ainda não li esse. Acabei de comprar "Viagens no Scriptorium", mas não deu tempo nem de ler a orelha. Li, no entanto, o primeiro discurso do Nobel de 2006, do livreto A maleta do meu pai. Belo discurso! Um abraço,
Anunciação, não deixe de ver. Mas pior do que unhada em filme de terror é a babada em ombro de desconhecido no banco de ônibus (aconteceu com uma amiga de Salvador).
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