domingo, 16 de janeiro de 2011

Perdidos em Águas Claras

Todas as vezes que vamos para Águas Claras ficamos perdidos. E olha que eu sempre faço o mapa do trajeto no google, estudo com cuidado o traçado e decoro um caminho imaginário antes de sair. Mesmo assim não tem jeito. Eu me perco.

O bairro de Águas Claras é a coqueluche da classe média brasiliense porque os apartamentos são mais novos, maiores e mais baratos que os mais próximos do centro da cidade. Vários amigos moram ali e todos estão muito satisfeitos. O problema é que é um bairro jovem, com uma sinalização precária e uma iluminação que eu chamaria de penumbrosa. Os postes estão lá mas eu tenho que ficar forçando a vista para enxergar alguma coisa. O mesmo acontece com as placas. Estão todas no lugar mas não consigo ler nenhuma.

Acho que o principal problema é que as ruas do bairro derivam de espécies de árvores que têm nomes compridos. Então os caras pegam umas plaquinhas do tamanho de uma caixa de sapatos e são obrigados a escrever ali dentro coisas como Avenida Castanheiras ou Avenida das Araucárias. Fazendo uma comparação tosca, o ideal seria corpo 16, mas para caber o nome nas placas reduzem as letras para corpo 8.

Para falar a verdade, para se ter uma leitura de alguma coisa numa placa daquele tamanho, os nomes das árvores teriam que ter no máximo três ou quatro letras. Mas sei que o estoque de árvores com nomes assim é limitado. E além disso, os administradores públicos têm um estranho senso de humor para nomes. Tenho certeza de que inventariam alguma coisa esquisita para garantir que todas as ruas tivessem um nome, se sentiriam obrigados a adicionar cores e outros atributos. E não ficaria bem umas placas do tipo Pau Argentino para diferenciar de Pau Brasil, Olmo Mole para diferenciar de Olmo Duro,etc. Mas eu me perco.

Tudo isso é para dizer que ontem, indo para a casa do Guina, em Águas Claras, eu finalmente não me perdi. Quer dizer, não me perdi muito, só me perdi um pouquinho perto de chegar. Estávamos eu, minha mulher, o Cabeça e a Mulher do Cabeça no carro. O casal de amigos ficava olhando o mapa e a folha de dicas para encontrar o endereço no banco de trás e dizendo as indicações. O único problema é que os dois divergiam um pouco na hora de dizer as coisas.

_Vire à direita na próxima - dizia o Cabeça.

_Não, não, aqui diz que é a segunda à esquerda depois do pontilhão - dizia a Mulher do Cabeça.

_Não, senhora. Não sabe ler mapa? Olha aqui, é depois do terceiro sinaleiro contando a partir do shopping - dizia o Cabeça.

_Lindô!! O mapa está de cabeça para baixo! - dizia a Mulher do Cabeça.

_Não, senhora. O norte é para lá, não tá vendo a estrela d´alva? - dizia o Cabeça.

Felizmente, para interpretar os sinais obnubilados e escolher a melhor alternativa, minha mulher estava ali, ao meu lado.

_E aí? Pra onde que eu vou? - eu disse.

_Siga o seu instinto - ela disse.

Foi o que eu fiz e deu mais ou menos certo. Só errei umas três vezes. Deve ter sido por causa da estrela d´alva.

5 comentários:

franka disse...

ontem eu e o zé tivemos o mesmo problema pra achar uma rua chamada bragança pra ir num jantar. aqui as placas tem letronas e apelidos mas povo de são paulo continua se perdendo, e reluto em usar o gps do fone porque eu enjoo de olhar aquilo.

Sunflower disse...

GPS?

Careca disse...

Franka, preciso de um GPS com uma tela do tamanho de uma caixa de sapatos.

Sun, preciso me modernizar.

franka disse...

eu penso como seria legal usar o iPad de telefone. letronas, telão.

Careca disse...

Franka, acho que as pessoas que têm ipad fazem isso. O que eu queria era um relojinho do Dick Tracy que projetasse imagens holográficas iguais ao R2-D2 de Star Wars.

Frase do dia