Hoje descobrimos que alguém furtou o Papai Noel que havíamos grudado na porta. É a segunda vez que furtam o nosso enfeite de Natal. Tudo bem, oito de janeiro é o dia de desmontar a árvore, começar a guardar as coisas e deveríamos mesmo ter feito tudo isso. Ao invés disso, resolvemos começar o dia produtivamente planejando reformas e outras formas de gastar dinheiro com os nossos caprichos.
Ao voltarmos de um exaustivo dia de festejos e folguedos, não encontramos mais o enfeite. Era de madeira recortada e pintada. Nada muito caro, mas de bom gosto. Um velhinho de barba branca desejando Feliz Natal a todos e boas festas. Tão tradicional quanto pinguim de geladeira.
Tenho absoluta certeza de que uma pessoa que furta Papais Noéis também é capaz de furtar pinguim e até imã de geladeira. Existem poucos degraus mais baixos na escala de vilania dos seres humanos. Na escala de Dante Aleghieri, tenho certeza de que a condenação por furtar Papai Noel está em algum lugar entre prevaricar e receber passaporte diplomático por ser filhinho de papai. Está no mesmo nível de quem paga conta de motel com verba parlamentar ou de quem sai de um palácio com quinze caminhões cheios de "presentes".
Sim, é ir muito longe por causa de um Papai Noel de madeira. Mas quem rouba um símbolo é capaz de qualquer coisa e não merece nenhum respeito. O ladrão que furta um Santa Claus também furta crucifixo, cálice, relicário, solidéu, pé-de-pato-mangalô e figa. Quem furta o símbolo é ruim, mas quem se atreve a denegrir o simbolismo e a macular o valor simbólico que aprendemos a dar às coisas é pior ainda.
Depois fiquei pensando a que horas o ladrão agiu. Aqui em casa temos horários bem erráticos, mas previsíveis. O cara, provavelmente, sabia que iríamos demorar a sair de casa e resolveu agir de madrugada, é claro. Ou então, no meio da tarde de sábado, quando eu costumo estar tão desperto e ativo quanto uma preguiça gigante.
O fogo é que a bandidagem está escolada demais, todo mundo fez MBA à distância, assistindo aos políticos da Nação em tempo real. Seja como for, se eu tivesse surpreendido o ladrão tenho certeza de que ele tentaria me enrolar, primeiro negando veementemente que o Papai Noel na sua mão não estava, realmente, na sua mão. Depois ele diria que não sabia que aquilo era um Papai Noel, pois pensou que fosse um duende ou um elfo. Apareceria um comparsa e diria que na verdade aquele Papai Noel era dele, do comparsa, que apresentaria recibo, nota fiscal e um publicitário carequinha e de confiança para confirmar a história. Por último ele diria que era verdade, aquilo era mesmo um papai noel, mas que todo mundo pega e aquilo não era nada demais, não é mesmo?
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