quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Chuvas, deslizamentos e mortes

As chuvas castigam um pouco e voltamos a falar de mortes. Todos os anos. Como sempre, chove mais do que deveria ter chovido em determinado período de tempo. E todo mundo trata logo de encostar o bumbum na parede: a Defesa Civil, os governos municipais, estaduais e federal. Os moradores de encostas, os sujeitos de boa fé que constroem em áreas de deslizamentos pagam o preço duplo da imprevidência: choram suas vítimas e lamentam ter acreditado em quem prometeu solução rápida para o que já era precário. Os outros cidadãos também se lamentam. Muitos temem que o descalabro também os atinja no próximo ano, já que o desmando, o desmanzelo, o desarranjo e a precariedade se espraiam pelas cidades.

Não tenho a pretensão de ter uma solução na manga para esses problemas. Mas tenho certeza de que passa pelo exercício pleno da cidadania de todos os lados. Do cidadão, que não pode invadir e construir onde bem entender, além de também contribuir para a preservação da área onde vive tendo cuidado, por exemplo, com o seu lixo. Também implica exercício pleno dos poderes públicos, com a oferta de serviços adequados, inclusive no que se refere ao lixo e ambiente, e também no rigor e combate a novas invasões e construções.

Onde o mal já está feito, é preciso seriedade para encontrar uma solução mais rápida e definitiva sobre o assunto, com a regularização das áreas e compromisso público para assegurar sua salubridade sob qualquer tipo de tempo, com a quantidade de chuva que for. Isso exige participação ativa dos moradores da cidade e atuação vigilante dos seus representantes. Os pactos devem ser construídos publicamente, com prestações de contas igualmente públicas.

Já cansei de ver anúncio de governo, de que milhões serão investidos nisso e naquilo outro e as notícias trágicas se repetirem. Acho até que pioraram com o passar do tempo. De fato, sem mobilização organizada e ativa para que essas soluções sejam pactuadas, receio que tudo poderá se repetir com novas vítimas nos próximos temporais.

E todo o resto também: a mobilização solidária inicial, a organização de um gigantesco arranjo de instituições para recolher, organizar e remeter doações, o furto desordenado e descalibrado das doações ou sua mera apropriação indébita, a fatura política de aproveitadores, etc.

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