quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Do que eu falo quando eu blogo no caminho

Acelerei o processo e concluí a leitura do Henry Miller. De imediato, iniciei a leitura do Murakami “Do que falo quando eu falo de corrida”. Em poucas horas, devorei metade do livro.

Não consigo encontrar uma explicação para a “fisgada” que um livro dá na gente. Ela simplesmente acontece e não há nada a fazer quanto a isso. Lembro de ter passado batido pelo livro do Murakami diversas vezes. Lembro de já ter descartado o volume pelo título diversas vezes. Lembro de já ter dito a mim mesmo que não sou muito fã de correrias. Lembro de ter folheado o livro e deixado para lá.

E aí, sem mais nem menos, pego o livro na loja e estou preso a ele. E imediatamente começa o processo “Zelig”, em que passo a pensar e usar o mesmo ritmo das frases do livro que estou lendo. Chamo isso de para-imitação, embora o Woody Allen tenha traduzido os sintomas dessa influência perniciosa de um autor melhor do ninguém com o seu Zelig.

Nunca tinha ouvido falar no Murakami. Para mim, o fator decisivo para a aquisição do livro foi uma olhadinha num trecho lá pelo final. O escritor conta que uma vez correu com o John Irving, no Central Park. Putz! Eu disse para mim mesmo que um escritor que já correu com o John Irving tem que ser um escritor que merece ser lido. Eu mesmo gostaria de correr ao lado do Irving, embora não goste muito de correr.

Na página que li ainda na livraria, Murakami contava que foi uma experiência fantástica e super-divertida correr ao lado de Irving. Ele também diz não ter sido possível gravar a conversa e nem tomar notas. E que não se lembrava muito do que haviam falado, só que a conversa tinha sido divertida e era uma bela manhã ensolarada.

Foi esse o pequeno trecho decisivo que me fez comprar o livro e iniciar a sua leitura de forma apressada. Murakami deixa bem claro que não vai tentar exprimir o inexprimível. Ele só vai escrever sobre o que é possível, da melhor maneira que encontrar. Sem querer ser pretensioso, isso é algo venho tentando fazer no Caminho do Careca desde que iniciei o blog, com altos e baixos. Mais baixos, é lógico. E se para escrever bem é sempre fundamental ler bons livros, para se blogar também é necessário ler bons blogs. Aqui ao lado tem uma lista pequena, que preciso ampliar.

2 comentários:

pevê disse...

Careca,
Eu joguei bola com o Murakami. Já posso ser escritor, verdureiro ou chapeiro.
Ele era dono da mercearia e depois do Crack`s burguer da 208 sul, lembra?

Careca disse...

PV, grande Mura! E ele também jogava ping-pong. Posso ser um chapeiro com boas cortadas.:)

Frase do dia