domingo, 23 de janeiro de 2011

O restaurante onde não vai ninguém

Perto de casa e de um dos maiores cartões postais de Brasília tem um restaurante excelente que não vai ninguém. É a coisa mais esquisita, esse restaurante. É enorme, tem pelo menos duas dezenas de mesas, mas em geral tem apenas uma ou duas mesas ocupadas.

_A comida deve ser ruim - poderia dizer alguém.

_Não. A comida é excelente e muito bem servida - eu diria.

_É muito caro - poderiam falar.

_Não, senhor, os preços estão dentro da faixa de preços cobrados normalmente - eu diria.

_A localização é ruim, não tem estacionamento fácil, os garçons são umas antas grosseiras ...

_Nananinanão. É um restaurante muito bem conceituado, limpo, arejado, tem estacionamento fácil e gratuito, é bem localizado pacas, os garçons são supereducados, tudo nos conformes.

_Então, como se explica?


Não sei. E no último sábado, eu, minha mulher, o Cabeça e a Mulher do Cabeça estivemos lá. Cansamos de comer e comemos super-bem. Colocamos a conversa em dia, falamos dos planos para o futuro e voltamos a nos espantar com a falta de gente no restaurante.

_Pô, por quê será que não vem ninguém aqui? - disse o Cabeça.

Talvez seja uma maldição. Uma velha bruxa um dia rogou a praga de que aquele restaurante jamais teria mais de duas mesas cheias aos sábados. Ou talvez seja coincidência pura. Fomos lá poucas vezes e em todas elas o restaurante estava às moscas. Ou talvez tenha saído alguma coisa nos jornais e eu não tenha reparado. Nesta semana, tudo foi ofuscado pela megalenda da ponte sem manutenção. Para alguns essa história é uma óbvia tentativa de se produzir uma fonte para doações não-contabilizadas para campanhas. Para outros, como eu, ainda tem muita água para rolar debaixo dessa ponte. Mas o mistério do restaurante continua.

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