sábado, 22 de janeiro de 2011

Branca-de-neve e o Rafa

Rafa é o cãozinho shi-tsu da minha filha. O nome dele é Rafael, mas a gente prefere chamar pelo apelido, que é mais curto. Se bem que às vezes a gente chama de Rafinha, que é um pouco mais comprido que o original. No início, quando ela escolheu o nome, achei esquisito que tivesse colocado nome de gente em cachorro. Depois, com o tempo, acabei me acostumando. Além disso, descobri que um monte de gente coloca nomes de seres humanos nos cachorros. E muitos nomes são bíblicos, como o do cachorro da minha filha.

Conversando sobre isso com os outros donos de cachorros, descobri que raros, hoje em dia, são os nomes tradicionais, como Rex, Tobi, Laica ou mesmo o prosaico Totó. Na quadra, tem um outro shi-tsu chamado Marcelo. Um pequinês ironicamente chamado de Átila e uma dupla de salsichinhas chamados André e Dedé. Mas predominam mesmo os bíblicos: Jonas, Mateus, Marcos, Sara, Rachel e Adoniran. Sim, não sei se Adoniran é mesmo bíblico. Mas se não for, um nome desse é tão imponente que deveriam ampliar o livro e colocar uma história a mais, só para abrigá-lo.

Pois neste sábado, no final da tarde, ficamos sozinhos, eu, minha filha e Rafa. Decidimos passear juntos. Ela foi vestida de branca-de-neve, com a fantasia completa, incluindo o laço vermelho no cabelo e a capa. Acho muito legal aquela capa. Eu fui de calça jeans e camiseta. O Rafa foi de coleira nova, azul, bem bonita.

_Filha, você acha que o Rafa aprende as coisas depressa? - eu disse.

_Claro, né Paiê, o Rafa aprendeu a buscar as coisas rapidinho - ela disse.

E é verdade. Se você atirar uma bola de borracha para o Rafa, daquelas que dizem que são boas para tratamento de tendinite, o cachorrinho vai buscar para você. Isso funciona pelo menos duas vezes. Depois o Rafa se cansa e começa a ficar de sacanagem. Na terceira vez ele esconde a bola e vai para debaixo da mesa. E agora, quando quer brincar, ele mesmo traz a bola para você atirar. Eu já estou super treinado.

_Paiê, na volta, você pode soltar o Rafa? - ela disse.

_Puxa, tem um monte de cachorros grandes por aqui. Fico com medo do Rafa se assustar, fugir, acontecer alguma coisa.

_Não tem perigo, Paiê, ele vai correr para mim, vai ser super-legal.

E na volta do passeio, quando estávamos perto do prédio, ela disparou a correr, a pequena branca-de-neve. Aguardei o sinal combinado e soltei o Rafa. Foi mais bonito do que comercial de pasta-de-dente.

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