sábado, 12 de abril de 2008

Um história para a princesa dormir




Era uma vez uma linda sereia que se chamava Pequena.
Ela não era muito baixinha, mas de vez em quando era confundida com um atum, dos médios.
Pequena vivia se metendo em encrenca e onde não era chamada.
Gostava principalmente de se enroscar em redes e atormentar os pescadores.
Por sua vez, os pescadores não gostavam nem um pouco da Pequena. Primeiro porque era uma decepção puxar aquela rede e encontrar um peixe que só era peixe até a metade. E o segundo motivo é que a metade que era gente não parava de cantar. E o repertório da Pequena era um horror.
Os pescadores não suportavam mais aquelas músicas baianas. E então, depois de um dia em que a Pequena Sereia estragou várias redes e cantou “Levantou poeira” umas trinta vezes, os pescadores decidiram acabar com aquele tormento.
Eles se reuniram na casa de um pescador chamado Simão. Todos os 40 pescadores.
Um a um, todos foram chamados a apresentar sugestões para acabar com a Pequena Sereia.
_Arpão! – gritou um pescador chamado Arnaldo.
_Anzol! – gritou um outro chamado Bernardo.
_Bala! – gritou outro, chamado Alexei.
_Paulada! – gritou o que se chamava Raimundo.
E assim por diante. Até que chegou a vez de um pescador miudinho, chamado Felipe Leocádio Pastrami, que todo mundo chamava só de Pastrami. Ele se levantou. Deu a volta na âncora gigante que tinha na casa do Simão. Subiu no palanque de redes. E lá de cima, ele olhou para todos os seus amigos pescadores. E ele olhou com firmeza, como só os baixinhos metidos conseguem olhar. Chamou o nome e olhou dentro dos olhos de cada um dos seus 39 amigos ali reunidos. Aí ele falou:
_Irmãos!
_Óóóóóóóóóóó – disseram os pescadores evangélicos.
_Brothers! – ele disse, para os pescadores que eram gringos japoneses.
_Óóóóóó, né? – disseram os gringos japoneses.
_Pescadores da Bahia! – insistiu Pastrami.
_Ó – disseram Dori e Val, os gêmeos da Bahia, com preguiça.
_Eu amo a Pequena Sereia! – falou o Pastrami.
_Buuuuuuuuuuu – disseram os pescadores.
_E eu gosto do que ela canta! – afirmou Pastrami.
_Sai dessa lama, jacaré! – disseram os pescadores.
_E eu quero casar com ela – Pastrami disse, baixinho.
E todo mundo ficou calado. Sshhhhhh. Silêncio total. Alguém esbarrou na âncora e ela fez um barulho de metal, téim. Um outro derrubou um anzol bem pequeno no chão. Téim. E todo mundo escutou o eco do barulho do anzol. Téim, téim. O eco parecia um sino de igreja, bem longe. Téim, téim, téim. Sshhh. Todos os quarenta pescadores pensavam as coisas mais malucas ao mesmo tempo. Quase dava para ouvir os pensamentos deles cochichando, bem baixinho.
E agora? Quem poderia ajudar o Pastrami? Quem poderia transformar uma sereia numa esposa de pescador? Que juiz seria capaz de casar aqueles dois? E depois de casados? Será que eles dormiriam numa cama, ou num aquário gigante? E se nascessem peixinhos? Os peixinhos iriam pescar outros peixinhos? E se nascesse uma menina metade peixe e metade menina? E se fosse um menino? Ele ia jogar futebol? Peixes jogam futebol? Devem ser bons de cabeça. Sshhh. Sshh.


_E aí? O que aconteceu? – pergunta a Patroa.
_Dormiu, oras.
_Não, o que aconteceu com a Pequena Sereia.
_Ainda não sei. Amanhã eu penso em alguma coisa.
_E se ela acordar à noite e quiser saber?
_Os pescadores foram dormir para acordar amanhã bem cedo.
(Continua)

8 comentários:

Paulo Bono disse...

Pelo amor de Deus, Pequena não é nenhuma piranha. É uma sereia de família. Esse amor tem que acontecer.

abraço, careca

suas histórias precisam ser publicadas.

Careca disse...

Paulo,
eu mesmo só vou saber hoje à noite.
Um abraço,

Anônimo disse...

Pô, Careca, Pequena vai ser salva pelo casamento? De novo? Essa estória tá com cara de dejá-vu. A Princesa merece um final mais inteligente e mais construtivo. Coloca ela para renovar o repertório musical e tá resolvido o problema.

Maína Junqueira disse...

Aahahah, só falta a Pequena ir parar na Playboy, fazfavô hein????

Careca disse...

Cynthia,
será? Tchan,tchan,tchan,tchaaaann...

Careca disse...

M.J.,
é uma historinha para a minha filha dormir!

Anônimo disse...

Hahaha, torço pelo amor infinito da sereia com o pastrami. Sim, sim, tô numa fase brega.

Careca disse...

Mawa,
acho que no fundo, todo mundo queria mesmo é que os dois vivessem felizes para sempre e sempre...

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