domingo, 6 de abril de 2008

Depois dele, posso ser primeiro?




_Uma das melhores partes de Kil Bill II, do Quentin Tarantino, é quando o Bill faz uma análise do Super-Homem para a ex-mulher, Umma Thurman. Não lembro se é antes, durante ou depois de acertar uns dardos paralisantes nela. A cena é uma grande parábola sobre o mundo moderno. Nossas mulheres são guerreiras assassinas perigosíssimas, prontas para nos degolar com facas gigantescas de samurai. Cuidado com elas. O uso de armas químicas paralisantes é a única garantia de sermos ouvidos em nossos devaneios sobre as coisas mais idiotas do mundo. Exatamente as coisas que nos deixam mais vivos e felizes. As coisas que nos mantêm presos a uma pré-adolescência segura e confortável.

No filme, Bill fala sobre a identidade secreta do super-homem, o alienígena de Kripton. É tudo muito interessante. Mas o principal é que o disfarce do super alienígena é aparentar fraqueza, covardia e insegurança com um terno cinza claro de repórter e óculos. “Clark Kent é a visão que o Super-Homem possui da raça humana", é a frase síntese do diálogo.

Mas o Tarantino não analisa o ponto fraco do Super-Homem.

O Super-Homem não perde para ninguém, a não ser que haja uma pedra verde no caminho. O ponto fraco do alienígena é essa pedra do seu planetinha, que explodiu. A pedra brilha, como uma lembrança radioativa e pulsante, e transforma o super numa gelatina mais fraca do que o Clark Kent. A kriptonita parece uma malária verde que faz o Super gemer, suar, delirar e desmaiar. Ele fica colocando as mãos na cabeça, como se a pedra também provocasse enxaqueca. É terrível! E a kriptonita não faz mal para uma pessoa da Terra. Ou seja, quem tiver Kriptonita, pode ser uma criança, pode ser um adulto, é capaz de destruir o Super-Homem. Basta um só pedacinho dessa lembrança de casa para o Super vacilar e se tornar um pastiche pior do que o próprio disfarce. Por último, a kriptonita pode ser neutralizada por um pedaço de chumbo. O super geralmente envolve a pedra verde com chumbo no último segundo, depois de apanhar bastante, mas ainda com um alguns milésimos de tempo para salvar o planeta.

A maioria dos heróis vira herói depois de um acidente, uma coisa qualquer que lhe confere poderes. E aí surge o problema da identidade. O Batman se veste na Batcaverna, tem um carro legal à beça. Mas o Batman não tem super-poderes. Não senhor. O Batman é forte, inteligente, mas de vez em quando apanha à beça. Especialmente do Coringa. E tem outros, também. O Aranha leva a máscara no bolso, para quando precisar. O Flash se veste super-rápido de vermelho. Mas só tem um que nasceu super. Ele mesmo, o Super-Homem. O Super-Homem só precisa guardar os óculos e abrir a camisa. O uniforme dele é como uma segunda pele. É material que veio do espaço, junto com ele. Estava na nave espacial. É tecido de seda espacial lá de Kripton. É o cobertor que ele ganhou da mãe e do pai dele. Não estraga nem quando ele volta super-aquecido do espaço. É sensacional! E o Super-Homem tem um amigo fotógrafo, o Jimmy Olsen, e uma namorada, a Lois Lane, uma garota super-bonita.

_Tudo bem, pai. Mas eu quero ser o Batman!

4 comentários:

Anônimo disse...

careca, eu adoro a mulher gato.
póu, crash, splash, crash.

Careca disse...

Franka,
o Batman também!

Maína Junqueira disse...

Ahahahahha, agora eu li esse post.
Genial esse seu filho, ele sabe das coisas.

Careca disse...

M.J.,
sem falsa modéstia, ele é mesmo!

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