domingo, 1 de julho de 2012

Planos mirabolantes antes do almoço



Arctic Monkeys - Suck It And See

Fiz duas bandejas grandes para as mesas da casa. Em uma delas, usei sobras de madeira, cola e um verniz à base de água, cor de ipê. Para a outra usei duas pranchas de 80 por 30 de pinus reaproveitado. Tive que fazer o acabamento duas vezes. Na primeira vez, usei o mesmo verniz da outra e não ficou legal. Na segunda vez, depois de lixar tudo novamente, usei cera. Ficou melhor.

Durante o trabalho com madeira, às vezes me perco num turbilhão de pensamentos. Existem alguns recorrentes. Coisas que deveria ter feito, frases que eu poderia ter dito, arrependimentos, planos de invenções mirabolantes, esperanças enormes e esperanças miúdas, decepções, frustrações, erros crassos, bobagens e mais planos mirabolantes. Não sei vocês, mas eu tenho montes de planos de invenções mirabolantes todos os dias, idéias que servirão para fazer o meu pé-de-meia e me livrar da fila humilhante da aposentadoria mínima.

Um desses planos é o meu ventilador especial acoplado na balança do banheiro. O ventilador é capaz soprar um vento forte para auxiliar a secagem das reentrâncias dos dedos dos pés, ajudando o ser humano a se livrar de frieiras, por exemplo. Na versão mais requintada, a balança também é equipada com um massageador para a sola dos pés e um martelo de borracha preso a um braço articulado. O massageador começa a funcionar com uma leve pressão dos dedões. O braço articulado, por sua vez, é pré-programado para se auto-acionar todas as vezes que o indivíduo estiver acima do peso. Tum. Ou tum-tum, para os reincidentes.

Outro plano de invenção sensacional é a minha cadeira de paletó. Explico. Em todos os lugares em que trabalhei sempre havia um sujeito que detestava usar terno, que achava aquilo um saco. Esses caras sempre deixavam o paletó do terno pendurado na cadeira, às vezes por dois ou três semestres, quando apareciam. As peças ficavam ali, expostas ao sol, ao ranço de escritório, ao cheiro de detergente e dos produtos de limpeza que usavam. No final do período, o terno estava inutilizado, desbotado e cheirando a escritório azedo. A minha invenção, é claro, evitaria tudo isso, já que terno e encosto seriam feitos do mesmo material impermeável, que não desbota e nem gruda cheiro. Tenho certeza de que seria um grande sucesso no setor público, onde alguns caras penduram o paletó e se mandam.

A máquina de bater no bumbum também é outro plano de invenção que sempre me assalta durante as manhãs. Sabemos que a legislação ficou muito severa e intrometida, não se pode mais dar palmada no bumbum das crianças nem quando elas quebram o aquário e estragam a tv, chutando bola dentro de casa. Não, senhor. A palmada está proibida. Mas eu acho que não há nada na lei que proíba a utilização do DRADI - Dispositivo Robô Auxiliar de Disciplina Infantil, que é como chamo a minha máquina. O nome é bem legal, né, acho que tem tudo para ser um campeão de vendas.







2 comentários:

pevê disse...

Careca, vc ainda tem a patente da máquina de fazer nhém-nhém? Quem sabe encontramos um parceiro estratégico na China e tiramos o pé da lama.

LIZ disse...

pensei numa boa invenção: algo que chamasse a atenção das pessoas que enterram a cara no celular e outros dispositivos de comunicação incessante.
Como não tiram os olhos dos aparelhos, esbarram em mim frequentemente, tenho que andar na rua me desviando deles, e não são poucos. Acho que somente eu ando na rua olhando os demais.
Talvez um sistema de luzes, com som, pisca pisca, barulhos, sei lá mas ajudaria bastante quem não anda apertando botões e lendo mensagens.

Frase do dia