terça-feira, 3 de julho de 2012

Visita ao Banco Central



Arctic Monkeys - Crying Lightning

Estive hoje com quatro crianças no Museu de Valores do Banco Central. Fomos eu, meus filhos, dois amiguinhos das crianças que vieram da Bahia e uma babá, que também veio de lá. A primeira dificuldade foi estacionar. A capital da República é uma cidade feita para se andar de automóvel, mas que não possui estacionamentos. Esse problema é inversamente proporcional à necessidade. Quanto mais você precisa de uma vaga mais difícil ela se torna de achar. O Museu funciona no primeiro subsolo do Banco Central, que fica no centro do plano piloto de Brasília, no Setor Bancário Sul. Dei duas voltas no setor sem encontrar nem uma esperança de vaga. Entrei numa superquadra ao lado. Nada. Para não voltar para casa, fiz o que muita gente faz: subi no gramado com o carro e inventei uma vaga debaixo de uma árvore. O efeito manada foi imediato. Bastou eu parar o carro ali que em trinta segundos todo o gramado foi ocupado por carros sedentos de estacionamento. Fiz uma oração silenciosa para que o carro não fosse multado, não estou podendo.

Desci com as crianças sob um sol de rachar mamona e um vento seco de trincar os dentes. Todos de mãos dadas e com uma série de instruções bem decoradas. Não correr. Não gritar. Não berrar. Não cutucar. Não enfiar o dedo no nariz. Não batucar nos vidros. Não melecar os vidros. Não chatear os guardas. Não dar birra. Não sumir de vista e andar sempre junto. Falar comigo antes de qualquer coisa.

Entramos pela entrada principal do edifício, que é bem imponente. Passamos por uma porta giratória. Cada criança por vez. Duas fizeram questão de inverter o sentido de rotação quando passavam, o que provocou uma pequena confusão e uma narigada, minha, no vidro da porta giratória.

A entrada para o Museu é gratuita. Os adultos só precisam apresentar a identidade. O problema foi que a babá não havia trazido o documento. Então eu entrei com os quatro dentro do Museu. A moça da portaria entregou um crachá magnético para cada um e lá fomos nós, na maior empolgação. Demoramos cinco minutos na roleta. As crianças fizeram questão de testar todas as possibilidades de leitura dos cartões magnéticos e além disso se esqueciam de empurrar a catraca. Quando uma pequena fila de funcionários começou a se formar, o guarda da roleta abriu a portinhola para que eu pudesse passar com as crianças.

Agora só precisávamos esperar o elevador e subir até o primeiro subsolo. Confesso que eu estava meio confuso, já que havíamos entrado pelo térreo. Mas depois descobri que o térreo na verdade era o segundo sub-solo e por isso é que deveríamos subir. Esperamos outros cinco minutos e nada de elevador. As crianças não se aguentavam mais de ansiedade. Estavam loucas para ir logo para a sala do ouro, onde sabiam que estava a maior e mais pesada pepita de ouro de todo o mundo. Sim, meu filho há conhecia o museu de uma visita da escola e incendiara a imaginação dos outros com um relato fantástico das moedas e das barras de ouro e prata do museu. Então subimos dois lances da escada da saída de emergência e chegamos à entrada da exposição permanente.

O tempo passou voando dentro do museu. E logo ocorreu o inevitável, uma das crianças precisou ir ao banheiro. Por definição, em todos os prédios públicos de Brasília o banheiro é longe, pequeno, fica depois de um lance de escadas à direita e está sempre ocupado. Mesmo assim perguntei onde ficava, só por garantia. Era lá mesmo.

De volta à exposição, encontramos as outras crianças comodamente sentadas. Conferimos novamente a moeda mais valiosa da coleção(uma das 64 moedas criadas para a comemoração da coroa de D.Pedro I), a maior pepita de ouro, barras e lingotes e os bilhões em reais de notas picotadas e guardadas em caixas de vidro. As crianças gostaram.

Na saída, o guarda da roleta já se apressou em abrir a portinhola para que passássemos depressa. Mas não seria tão fácil. Cada criança demorou pelo menos um minuto para entregar o crachá magnético. Um deles achou o crachá tão bonito que queria tirar uma foto. Só então lembramos que a máquina tinha ficado em casa. Uma pena. Mas felizmente, não havia nenhuma multa grudada no pára-brisa quando voltamos ao carro.

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