segunda-feira, 30 de julho de 2012
O mundo é um moinho
Brian Ferry - Don´t stop the dance
Eu quase não assisto televisão. Não é esnobismo. Não é coisa de gente metida a intelectual. Não é despeito. Não é porque prefiro ver vídeos. É só porque tenho a maior preguiça de ver comercial. Mas hoje eu passei na frente da TV, que era assistida pela minha mulher, e vi esse sujeito de uma série de detetives norte-americana. O rosto do ator era alguma coisa sensacional. O sujeito emanava ceticismo e decepção, era um alumbramento negativo.
_Olha só para esse cara - eu disse para a minha mulher. Ela estava sozinha, é claro. Aqui em casa nós evitamos falar gírias perto das crianças.
_Hum-hum - confirmou a minha mulher.
_Ele parece que está desapontado com todo mundo, parece um daqueles cachorros sabujos. Olha só. O mundo me entedia. Eu levo uma vida chata. As pessoas me chateiam com suas mentiras nauseantes. Ninguém me surpreende. Todo mundo merece desprezo, inclusive eu. Eu não acredito em você. Eu não acredito em ninguém. Ponto.
_Ele é o chefe dos detetives e na série, a filha dele é uma prostituta, passou outro dia- disse a minha mulher.
_O mundo é um moinho. Esse cara perdeu mesmo todas as esperanças. Olha só o rosto dele!
O sujeito é um bocado careca. Tem profundas rugas na testa. Está sempre na penumbra.
_Hoje a detetive ruiva vai sair da série.
_Ela vai morrer?
_Não sei, acho que sim.
Acabei assistindo ao episódio inteiro. Não entendi muita coisa. Os nomes eram todos complicados. O ator de Cheers estava lá, de cabelos brancos. Caramba! Cheers. Como era o nome da atriz que contracenava com ele? Tinha umas sobrancelhas fantásticas. Era ruiva também. Bom, não importa. A trama parecia complicada demais porque era a segunda parte do episódio. E a detetive ruiva não morreu. Ela começou uma despedida depois que todos os vilões foram mortos ou presos, mas fiquei com preguiça de ver.
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Um comentário:
CSI vegas.
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