Uma das coisas mais interessantes do julgamento do mensalão é esta história do ministro que não pode, mas que, pelo jeito, vai participar do processo. Ele não pode porque foi assessor jurídico do sujeito que é apontado como o chefe da quadrilha, porque foi advogado do partido e principalmente porque a mulher dele advoga para um ou vários dos processados. Qualquer um dos motivos já seria suficiente para que um ser humano bem formado, com escrúpulos e com um pingo de vergonha na cara já se declarasse impedido de ser juiz no caso. O que acontece é que isso é um impedimento previsto em lei e o mínimo que um ministro do supremo deveria saber é que esse impedimento existe, é claro e inequívoco. Mas como parece estar faltando simancol e sua excelência não se decide, decidi elaborar alguns breves discursos de impedimento que podem ser usados pelo ministro sem o menor problema:
_Pessoal, rapeize, tchurma, ó dó, não posso participar do julgamento porque já fui assessor de um dos caras. Era meu chefe. Ele pedia meu conselho para não fazer malfeito ilegal, então só fazia malfeito dentro da lei. Então, depois de examinar o meu foro íntimo eu descobri é melhor eu sair dessa numa boa. Bié.
Ou então:
_Companheiros, estou impedido de participar porque quando fui advogado do partido eu avisei várias vezes que esse negócio de caixa dois e dinheiro não-contabilizado era a mesma coisa. Eu falei que isso poderia dar cana. E vai que alguém gravou, como é que eu fico? Então, fui.
E ainda:
_Camaradas, ainda ontem à noite comentei com a minha mulher que hoje tomaria essa decisão. Ela até ligou para o cliente dela na sequência, ela é muito atenciosa com os clientes. Então, tem uma norma aí que diz que eu estou impedido, é melhor eu ficar na minha. Vai ser ótimo falar de outra coisa depois da novela. Inté.
Por outro lado, ia ser super-legal ver um ministro levar puxão de orelha do procurador-geral na frente dos pares.
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