quarta-feira, 10 de março de 2010

Mea culpa

É difícil pedir desculpas. É preciso engolir o orgulho. É preciso admitir que você não sabe tudo. Que não é perfeito. Que comete erros. E que, poxa, você vacilou.

Eu mesmo tenho grande dificuldade em admitir tudo isso e bater a mão no peito quando faço besteira, quando dou uma mancada, quando digo mais do que o dizível. Em geral, peço desculpas em voz baixa, bem miúda. E se não considerar a falta grave, talvez enrole e nem peça nada.

Em algumas ocasiões, quando pedir desculpas é algo muito constrangedor, mas necessário para a minha paz interior, eu chego perto da pessoa a quem devo desculpas e quase deixo cair alguma coisa, como se fosse desajeitado. Dou uma tossida, cóf, cóf, digo “desculpe” e sigo adiante. Se a pessoa não entender aquilo como um pedido de desculpas é problema dela, que não tem sensibilidade para entender pedidos de perdão. Eu, humanamente, fiz a minha parte.

Às vezes eu uso uma tática parecida, mas com uma diferença crucial. Eu uso um outro assunto como subterfúgio para encaixar um pedido de desculpas no meio. Assim eu pareço estar pedindo desculpas para uma pessoa, quando na verdade estou pedindo desculpas para a pessoa a quem estou contando a história. Parece complicado, mas é simples. Eu finjo que peço perdão para um, quando o pedido é dirigido para outro.

Algumas vezes, dei mancada, não pedi desculpas e esqueci o assunto, sem pensar que a sensação de culpa poderia me incomodar novamente. Mas algumas faltas, mesmo as mais idiotas, atormentam a consciência. Essas faltinhas são muito cruéis, às vezes nos assaltam de madrugada e roubam o sono dos justos. E o meu também.

A maior parte das minhas mancadas tem a ver com a escolha errada de palavras. Já escrevi aqui que a produção de um blog diário como este e a manutenção da minha rotina exigem que eu seja rápido. Se eu pensar muito, o blog fica sem texto novo. Ou então vou dormir de madrugada e tenho um péssimo dia seguinte.

Mas não é a pressa que me faz escolher as palavras erradas. Eu produzo rápido. O que me faz escolher errado é teimosia. Às vezes tenho uma idéia que não evolui satisfatoriamente para um post, é como um esboço ruim, e insisto nela. O ideal é desistir logo dessa coisa amorfa e partir para outra. Mas a minha preguiça aparece e me faz teimoso. É como dar murro em ponta de faca. A idéia ruim puxa as palavras e frases ruins. É pura insistência no erro.

Esse enorme preâmbulo é dirigido a todas as mulheres pelo péssimo post de outro dia, pelo Dia Internacional da Mulher. Cóf, cóf. Falei?

8 comentários:

Paulo Bono disse...

Peço desculpas fácil.
Basta concluir que errei, peguei pesado. E penso muito.

abraço, carecone

Careca disse...

Bono, isso é bom. Um abç,

Cynthia disse...

Careca,

juro que não entendi.

Careca disse...

Cynthia, foi só uma sequência de textos fracos. Sorry.

Cynthia disse...

Carequinha, seus textos nunca são fracos. Eles são é odientos porque a gente não consegue fazer igual. :)

Angel disse...

rs... Técnicas interessantes!

E no final, usaste uma, hã?!

Parabéns pelo blog, seus textos são ótimos.

Abraços.

Careca disse...

Angel, bem-vinda à kombi de leitores. :)

Careca disse...

Cynthia, valeu, comentários como os seus são sempre uma injeção de ânimo. :)

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