Stephen King é um dos melhores escritores de todos os tempos. Leio os livros do cara há muitos anos. É um gênio. Um dos melhores livros que já li dele se chama Pet Sematary, assim mesmo, escrito errado como escrevem as crianças. Virou filme em 1983. Tinha trilha sonora dos Ramones (“I don´t wanna be bury, in a pet cemetery, i don´t wanna live my life again”...). King teve carradas de livros adaptados para o cinema. Ele tem ainda “O iluminado”, “Carrie”(o primeiro a arrebentar) e “À espera de um milagre”, só para ficar nos grandes sucessos do cinema. SK é um gênio vivo, maior do que João Ubaldo. E é um craque que não esconde o jogo.
Stephen tem um livro generoso em que dá bons conselhos para jovens escritores. O nome é “On Writing: A Memoir of the Craft”. É de 2000. Comprei em papel jornal num dia de sorte numa grande livraria da cidade. Li em 2003 pela primeira vez. King não faz mistérios sobre algumas de suas sacadas, lista um monte de mancadas e tempera a autobiografia com histórias da infância e juventude. Ele não enfeita o bolo e nem é metido a modesto. King é cru. Vai direto na jugular.
O livro é cultuado pelos estudantes da América, como descobri depois. Tenho antipatia pelo que vira manual de senso comum, mas para alguns livros é preciso tirar o chapéu. Uma das muitas histórias deliciosas do livro conta de onde King tirou a idéia para aquela que foi a sua primeira história a receber comentário de um editor de revista de mistério. Até aquela vez, King colecionava apenas notas curtas de recusas de manuscritos. Foram dezenas de recusas. E aquilo começou a abalar o jovem autor. Mas daquela vez foi diferente. Era uma história original, totalmente pensada e escrita pelo adolescente King, vagamente calcada numa experiência pessoal. O editor mandou uma carta-resposta, um bilhete com três frases curtas: Você tem talento; Continue a escrever; Não grampeie o manuscrito.
King seguiu aqueles dois conselhos. Continuou a escrever e nunca mais grampeou um manuscrito, nem sei dizer o que é mais importante. Anos mais tarde o tal editor encontrou Stephen King numa noite de autógrafos e pediu a assinatura do escritor sobre o original do manuscrito e a cópia do bilhete. Os dois trocaram sorrisos de compreensão mútua e nunca mais se viram.
King soube identificar em sua longa vida de escritor o bilhete que o fez continuar a escrever. Esquadrinhou os recantos mais sombrios das suas lembranças e descobriu que uma recusa em ser publicado foi o que manteve acesa a chama. Aquele bilhetinho foi o que fez seu Johnny Walker continuar a andar. Keep going, King. Não vá grampear manuscritos, hein? E Stephen continuou.
Pensando bem, se a história é mesmo verídica, talvez aquele editor fosse ainda mais genial e sobrenatural do que o próprio King.
Pensando ainda mais um pouco, o SK mente pra caramba. É um gênio.
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