segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Digressões a granel


Uma pequena dor lombar
No sábado à noite, fui carregar o meu primogênito do sofá da sala para o quarto dele. Ele tem apenas cinco anos e é bem leve. Foi um ato impensado, minha querida Kombi. Travei. Inclinei mais do que devia. Fiz mais força do que Prometeu, o gigante traidor que roubou fogo dos deuses para entregar aos homens. Entortei a minha coluna já torta e desleixada. Sem ruído, sem um ratatuí sequer, senti uma agulhada na base da minha espinha. Valentemente, concluí a tarefa, carregando os vinte e três quilos de menino para a cama dele. No domingo, mal consegui amanhecer. E hoje, gemi mais do que uma cuíca cada vez que levantei da minha cadeira. Oh vida, oh dor! Estou pior que a hiena Hardy-yah-yah. Mas não há de ser nada, dizem que a gente fica bom no terceiro dia.

Desculpa para não fazer o que deveria ter feito
Procure ter uma desculpa sempre à mão. Nada muito elaborado. Mencione o fato desculpável como quem não quer nada, sem dar muita importância. Finja esquecer detalhes, mas guarde uma minúcia que possa ser considerada importante. Proteja a retaguarda.

Dias piores virão
Pode apostar.

Mais uma da série “proteja a sua retaguarda”
Sempre que eu encontro esse sujeito, o C3PO, eu digo a ele: “Aí você, está melhor?” E enquanto ele arregala os olhos, como fazem os C3POs, eu continuo. “Você está bem melhor. Quase nem dá para notar, de longe. De perto, é verdade, se a gente repara bem, dá para perceber. Mas só se a gente sabe onde procurar. Alguém que não saiba do seu problema, por exemplo, jamais iria desconfiar de nada. Essa base disfarça bem. Mas, olha, fica tranqüilo. Conte com a minha discrição. Se você quer manter isso em segredo, é uma questão pessoal, quem sou eu para dizer o que uma pessoa deve fazer. Se bem que já existem casos de pessoas que assumiram tudo numa boa. E foram até mais valorizadas por isso. Mas não importa. Não ligue para o que os outros estão falando. Essa é uma questão de foro íntimo, eu acho. É quase de caráter. A decisão é sua. Tem gente que acha uma covardia não enfrentar tudo de peito aberto. Mas eu não estou aqui para julgar ninguém. Muito menos quem vacila na hora H. Vá em paz!”

Essa é uma viagem solitária e divertida
Blogar, como qualquer coisa que exija um planejamento prévio, é um ato solitário. Aqui estou eu, de frente para uma página em branco, datilografando o meu teleco-teco diário. Ou melhor, noturno. Sozinho. Com dor nas costas. E com sono. De vez em quando eu me perco em tergiversações e digressões nonsense. Caramba! Essa é a melhor parte.

No submarino amarelo
De vez em quando, estou dentro do carro e imagino que estou dentro do submarino amarelo. Daquele mesmo, dos Beatles, que depois virou canção dentro da Vila Sésamo. Mas, às vezes, os peixes que eu vejo são assustadores. Como faço para manter o olhar de encantamento, o olhar para uma vida mais prazerosa e bela? Sei de algumas pessoas que põem nariz de palhaço, vão alegrar crianças doentes em hospitais. Sei de outras que se fecham, carrancudas, nos sinais de trânsito. É por isso que eu sempre ando com a minha máscara de zumbi esfaqueado na cabeça. Caramba! Será que eu mesmo me agüentarei daqui a alguns anos?

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