sábado, 29 de novembro de 2008

Mutley em “Minha vida é um blog aberto”



Eu ainda não sou megalomaníaco a ponto de andar com um adesivo no carro mostrando o endereço do blog. Mas ando um bocado envaidecido. Isso é perigoso porque quando a gente fica vaidoso, também começa a ficar cruel. Um monte de amigos e conhecidos tem me surpreendido com observações sobre as coisas que eu escrevo aqui. E às vezes são coisas que escrevi há meses atrás.

Isso pode indicar duas coisas. Por um lado, que algumas pessoas são donas de memórias fenomenais e lembram de qualquer coisa, inclusive das bobagens que eu escrevo aqui. Por outro lado, isso pode significar que algumas pessoas só lembram de bobagens e por isso são capazes de lembrar do que eu escrevo aqui. Eu mesmo me incluo nessa última categoria. Tenho uma memória fantástica para lembrar de coisa inútil e besta.

A verdade é que, cada vez mais, eu me sinto como se a minha vida fosse um blog aberto. Conhecidos de velhos tempos têm aparecido para fazer comentários. Ou conhecidos de longa data não deixam comentários, mas comentam comigo, pessoalmente, quando me encontram. Em geral, o comentário é de perplexidade:

_Careca, você é mesmo o Careca daquele blog? – eles perguntam, atentos ao menor franzir de sobrancelha.
_Claro, eu digo – e passo a mão na minha própria cabeça, como a indicar que, na verdade, eu sou eu mesmo, embora disfarce um pouquinho.

Em seguida, as pessoas embatucam. Também, vai falar o quê? Sobre o quê? As pessoas são pudicas e discretas. Todo mundo gosta mesmo é de ficar na sua, numa boa, sem chamar atenção. E qualquer coisa pode virar post para um sujeito como eu, que tem um blog. Então as pessoas ficam meio ressabiadas. Me olham com o canto do olho, meio avaliando se eu irei escrever sobre elas. E, em geral, não escrevo.

Mas para algumas pessoas não basta dizer isso. Elas simplesmente não acreditam.

_Ó, não vá colocar no blog, hein?
_Colocar o quê? Ah! Isso! Não! De jeito nenhum.
_Sei.
_É sério. Não vou escrever sobre você.
_Tá legal. Finge que eu acredito.
_Está falado. É sério.
_Tá. Tudo bem, pode escrever. Mas muda o meu nome.
_Mudar o nome? Como assim?
_Inventa um apelido. Aí só eu fico sabendo que eu sou eu, lá no seu blog.
_”Mutley”. Vou te chamar de Mutley, lembra dele, o cachorro do Dick Vigarista. “Mutley, faça alguma coisa!!”
_Pô, Careca, “Mutley”?!
_Não gostou? E que tal Kowalsky?
_Quem é esse?
_O marinheiro faz-tudo de Viagem ao Fundo do Mar. Ele morreu em pelo menos 10 episódios.
_Não.
_E Bionicão? Bionicão é super-legal. Ele e Falcão Azul me trazem boas lembranças da juventude.
_Era um cachorro muito idiota.
_Rei Tutt? Tião Gavião? Bosley?
_Bosley?
_O careca que ajudava as Panteras a falar com o Charley.
_Pô, Careca.
_E Higgins, o mordomo que sacaneava o Magnum?
_Pensando bem, Mutley é legal.

Agora preciso arranjar quem faça um adesivo com o endereço do blog.

6 comentários:

Paulo Bono disse...

sensacional, Careca.
isso acontece mesmo. o pessoal chega e chega a pedir para escrever alguma coisa sobre tal ambiente, tal pessoa. pra mim, é uma pressão danada.
abração

Careca disse...

Bono, é fogo, com blogueiro às vezes é pior do que cantor de boteco.

Mwho disse...

Careca,
Você tem a força!!!

Sunflower disse...

minha mãe manda no que eu escrever ou nao. De vez em quando eu chantageio ela: "mãe, vou contar pra Internet!"

hahaha

Careca disse...

Mwho, que nada, quem tem é o He-Man.

Careca disse...

Sunflower, minha mãe também quer mandar em mim até hoje. Minha mulher é que não deixa.

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