sábado, 8 de novembro de 2008

Bye, Tropeço! Bye, Gregório!

Acho que eu antecipei o velho chato que eu vou me tornar. Isso só aconteceria daqui a alguns meses, mas a verdade é que a Velhice Súbita me atingiu com um grande golpe de bengala nas costas, nas duas últimas semanas. É, minha querida Kombi de leitores. Minha Velhice Súbita pode ser aterrorizante.

Mas na maior parte das vezes, ela é apenas modorrenta. De vez em quando ela me ataca disfarçada de Tiozão. Esse, todo mundo sabe, todo mundo já viu. O Tiozão Tropeço ainda acha que é poderoso quando vê as moças rindo para ele. Mas ele apenas se confunde. As moças não riem para ele, mas dele. As moças estão apenas rindo daquele enorme anúncio de néon piscando na testa do Tiozão: PERDEDOR, LOOSER, TROPEÇO. Mesmo assim, como é natural, eu às vezes me esqueço das coisas. E o Tropeço me faz crer que existe um futuro em Las Vegas esperando por mim, no vermelho 36, com todas as fichas e com toda aquela birita grátis. Sim, baba o Tropeço: “vermelho 36”. E eu acredito. Não conheço Las Vegas, e dizem que os cassinos realmente fazem você acreditar que a espaçonave Terra é mesmo do balacobaco.

O Tropeço é uma besta. E o Tropeço é o meu ataque de Velhice Súbita mais comum.

Quando eu pareço um coroa ingênuo, que acredita na possibilidade do bem ser recompensado com o bem, é o Tropeço que tomou conta de mim. Quando eu fico sendo gentil com as pessoas e espero ser bem tratado pelo menos por cortesia, é o Tropeço que está ditando a etiqueta. Quando fico numa boa, tranqüilo e contente, achando que estou fazendo muito bem a minha parte, é o Tropeço que balança na cadeira de balanço.

O bem não é recompensado, ninguém tem tempo para isso. E o mal que existe, é pouco combatido, há muita tolerância com os malvados. E gentileza se agradece, deixemos de onda. Para encerrar, mesmo se todo mundo fizesse a sua parte, ainda estaríamos devendo. Ai, como tem gente nesse mundo. E aqui, na cidade, para onde se olha tem gente. Bye, Tropeço! Vê se te manca!

Não estranhe, é ela mesma, a Velhice Súbita e Mórbida. É ela que tem a desfaçatez de me lançar perdigotos, de me lançar olhos de cima para baixo, como quem contempla a própria tumba viva.

E essa Suma Morbidade eu chamo de Gregório. Pois só pode ser o Gregório que me inferniza nas últimas semanas.

Estou gripado. Estou com sono. Estou com dor nas costas. Estou um caco. Gregório mexe as minhas próprias pernas. É também ele que me faz desistir das escadas. Do café com açúcar. Do torresminho. Da conversa alegre e despreocupada. É ele que treme as minhas mãos e aumenta essas minhas olheiras em mais algumas jardas. Sob meus olhos, eu tenho trincheiras piores que as de Verdum, na primeira guerra. De dentro do fundo dos meus olhos, eu procuro não engolir a minha própria dentadura. Terei setecentas mil vítimas de mim mesmo. Gregório, meu ataque mais terrível de Velhice Súbita, cala a sua baioneta.

8 comentários:

Rodrigo Carreiro disse...

Todos pensam assim, é normal. Você apenas está num mal dia. Só isso eheehhe

Mwho disse...

Cara,
Tomara que você fique bom logo!
Não estaria rolando uma sinusite?
Melhor do que velhice precoce...
Abraço,
Mwho.

Careca disse...

Rodrigo, tomara.

Careca disse...

Mwho, você, que é doutor, que me diga!

Anônimo disse...

corra, careca, corra.

Careca disse...

Franka, fujo acelerado!:)

Anônimo disse...

Ihhhhh, Careca, descobri aqui no seu blog que eu sou uma velhinha de bengala! Lendo o seu post, vi que entrei bem precocemente na terceira idade, melhor idade, ou popularmente e não politicamente correto, na chamada velhice. Será que tem plástica pra resolver isso? Abraços.

Careca disse...

Janaína, tem plástico: cartão de crédito. Não resolve mas atenua.

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