No último sábado resolvemos ir olhar uma "venda de garagem" perto de onde moramos. Ultimamente parece que esse tipo de comércio tem aumentado muito por aqui. Resolvemos conferir dois endereços estampados em faixas coloridas. No primeiro lugar, vi um banco de ferro bem bonito, mas tinha tanto zero na etiqueta de preço que nem quis ver o primeiro número. Dentro da casa sombria outras coisas velhas e estragadas também estavam sendo vendidas a preço de antiquário. Eu e a minha mulher fomos embora depressa.
A segunda casa era bem ventilada e todas as tranqueiras velhas e estragadas que as pessoas estavam vendendo tinham sido colocadas em volta da piscina. Vi uma bancada forte e bonita de madeira, mas não estava à venda. Minha mulher viu uma mesa elegante, parecia uma bandeja grande com pernas finas e torneadas, mas achou caro demais.
Eu vi um amplificador pequeno, que me pareceu muito barato, mas não entendo nada de amplificadores. Pensei em comprar para o meu sobrinho, que agora está tocando guitarra muito bem. Depois pensei melhor. O rapaz já deve ter um amplificador para a guitarra, o que faria com outro? Então continuei a olhar as coisas.
Uma coisa inevitável em "garage sale", pelo menos para mim, é imaginar os motivos que levam as pessoas a realizar essas vendas. Não falo da necessidade de dinheiro, mas da fatalidade associada à falta de grana. Na primeira casa (aquela sombria) que visitamos, por exemplo, eu senti cheiro de separação no ar. As coisas que estavam à venda, o que incluía um monte de roupas e apetrechos femininos, me levaram a pensar que era a mulher que tinha saído de casa. Em retaliação fogosa, o marido resolveu vender até as suas calcinhas. Sim, havia um pequeno monte de roupa íntima sendo vendido. O clima na casa era de vingança. E talvez isso explicasse os preços absurdos das etiquetas: o ex-marido avaliou os itens pela preferência da ex-mulher. Queria lucrar muito com a dor que lhe causava.
Na outra casa, o jeitão era de mudança de endereço. As pessoas donas daquilo tudo pareciam estar jogando peso e volume para fora do barco. Elas queriam chegar no novo lar com apenas o que mais precisavam. Talvez por isso tenha dado sorte. Encontrei duas (2) cadeiras de cana da índia, trançadas, precisando de uma reforma. A etiqueta em uma delas marcava 40 mangos.
_Quarenta?! - eu disse.
_Mas pra você, eu faço por trinta, cada uma - disse a moça que estava coordenando as vendas.
_Feito - eu disse.
E foi assim que conseguimos duas velhas/novas cadeiras para a varanda. Já providenciei alguns pequenos consertos. Mas ainda falta arrumar novas capas para as almofadas e recuperar toda a estrutura da cadeira com betume.
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