_Vai chamar Primeiro Ano Água – ela disse.
_Água? Mas você disse que era Primeiro Ano Mágico – eu disse.
_Mas hoje nós escolhemos Água – disse a minha filha.
_Está certo, Água é um nome muito bom – disse a minha mulher.
_É um dos melhores – eu disse.
_Mas eu não gosto muito – disse a minha filha.
_Não, pensando bem, é meio... hum..diluído– eu disse.
Minha mulher não disse nada, mas me deu aquela olhada de nocaute.
_O que é diluído? – ela disse.
_Diluído, diluído, diluído é diminuir o gosto das coisas com um líquido. É deixar sem graça – eu disse.
Minha mulher me deu outra daquelas olhadas.
_Que líquido? – disse a menina.
_Qualquer líquido – eu disse.
_Pode ser água? – ela disse.
_Pode – eu disse.
_Então Água é um nome sem graça? – ela disse.
Minha mulher me olhou com aquela cara de “quero ver você sair dessa”.
_Nããããoooo, quer dizer, é um pouco molhado, né? – eu disse.
_Não existe nome molhado, paiê – disse a menina.
_Não, os nomes são sequinhos. Mas alguns parecem dar a impressão de que vão molhar a gente. Ensopado, por exemplo, parece um nome bem molhado – eu disse.
_Paiê, você achou o nome sem graça? – ela disse.
Minha mulher me olhou com os olhos daquele robô que não tinha olhos em Perdidos no Espaço: Perigo, perigo, perigo!
_Qual nome? – eu disse.
_Primeiro Ano Água – ela disse.
_Achei bacana – eu disse.
Os sinais de perigo estavam enfraquecendo. Olhos até amistosos miravam minhas pupilas.
_Achei sem graça, eu queria Primeiro Ano Nuvem– ela disse.
Tive vontade de exigir uma recontagem de votos na turma.
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