quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Fazendo o mínimo de contas

Os grandes centros urbanos não contam para o salário mínimo. Não é uma remuneração aceitável. O menos qualificado dos trabalhadores o rejeita. O mínimo, na cidade grande, na prática é bem mais alto. A remuneração mínima por hora, nem se fala. Uma visita de um técnico num apartamento, no Plano Piloto, fica em 30, 40 reais. Isso vale para a TV a cabo, para o cara do chuveiro elétrico, para o remendo de uma pia, ou para decidir que o seu micro já era e está na hora de comprar um novo. Se você mora em bairro nobre, no Lago Sul, a visita pode ficar mais cara, 50 é meio que um valor padrão. Uma diária de passadeira também fica por aí.

Um empregado doméstico não sai por menos de 700 reais. Considerando o INSS, obrigações trabalhistas, transporte, são mil e 400 mensais ou nada de empregado doméstico. Arredondando sem fazer força, famílias com dois filhos em Brasília chegam fácil a 10 mínimos recém-aprovados em despesas estacionárias mensais. Claro, tem família que gasta muito menos. E outras muito mais.

Pouca importa o valor do mínimo, porque ele é, no máximo, uma referência enviesada. Ele só tem efeito de tabela, no final das contas, na relação com o governo. É ali que vira gatilho, que empobrece prefeituras superlotadas de apaniguados, quebra o caixa da previdência, que paga bem ao servidor público e paga mal pacas aos outros trabalhadores. Natural, portanto, que uma vez por ano oposição e governo troquem acusações, façam gestos e se mostrem perfilados e alinhados quando votam o mínimo. Sem querer sem redundante, é o mínimo.

De resto, nem lembramos do salário mínimo. Temos que recorrer aos arquivos, ao google, para saber se ainda vale aquela merreca mesmo ou se estamos enganados. Em geral, não estamos. É só aquela merreca mesmo.

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