"Segundo o Dicionário Universal da Língua Portuguesa, a palavra sincero vem do latim sinceru, (puro) e quer dizer “verdadeiro; que diz francamente o que sente; em que não há disfarce ou malícia; leal; simples.”
Etimologicamente, a palavra vem de sincera, que é a junção de duas outras palavras do latim, “sine cera” e foi inicialmente utilizada pelos romanos. Isso porque os artesãos ao fabricarem vasos de barro, muitos rachavam-se e para esconder tais defeitos, era usando para tal uma cera especial. “Sine cera” queria dizer “sem cera”, que era a qualidade esperada de um vaso perfeito, muito fino, que deixava ver através de suas paredes aquilo que guardava dentro de si. O vocábulo sincero evoluiu e passou a ter um significado muito elevado. Sincero, é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações. Aquele que é sincero, como acontecia com o vaso, deixa ver através de suas palavras aquilo que está guardado em seu coração, sem nada temer nem ocultar."
A versão acima é facilmente encontrada na Internet. Você lê que foi Malba Tahan, o genial escritor de “O homem que calculava”, quem popularizou essa história etimológica. Não sei se é verdade ou não.
Minha irmã, que é uma das pessoas mais inteligentes e cultas que eu conheço, me contou uma história similar. A diferença é que ela não mencionou vaso algum, nem transparência. E acrescentou uma pitada de romance policial à etimologia. A palavra vem mesmo do latim, mas não tem nada a ver com vasos. Os romanos eram admiradores das esculturas gregas, que também nos deixam maravilhados até hoje. Consideravam as esculturas gregas os tesouros que verdadeiramente são e pagavam fortunas por elas. Ora, os artesãos romanos trataram logo de imitar em tudo e por tudo os escultores gregos. Mas havia uma diferença crucial de acabamento. Os gregos não erravam com o formão. Faziam esculturas sem defeitos, o mármore era trabalhado com cuidado, parecia pele. As esculturas dos não tão hábeis falsificadores romanos, no entanto, tinham pequenos defeitos e fissuras. Que eram disfarçados com cera. Para saber se uma escultura era verdadeiramente da era de ouro da escultura grega, portanto, era preciso que ela não tivesse pedacinhos de cera disfarçando as imperfeições.
Prefiro a versão que ouvi da minha irmã, do que a versão de Malba Tahan. Faz mais sentido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário