quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O piso ataca de novo

O apartamento onde moro foi concluído por uma cooperativa de ex-consorciados da Encol. A empresa faliu antes da fase de acabamento das obras do edifício. As pessoas, enlouquecidas pelo calote monumental, resolveram juntar economias, desesperos e esforços para terminar o prédio. Acho que alguma etapa da parte da estrutura não foi bem supervisionada. Em consequência, todo mundo que mora no prédio tem uma história de barulho esquisito para contar.

Meu vizinho de frente, por exemplo, fala que um dia acordou à noite assustado com o que parecia ser o barulho de uma explosão. Pulou da cama e correu até a cozinha, mas não havia nada de errado. Aí voltou e olhou para a porta do corredor. A porta, que ele sempre deixava trancada a chave, estava partida ao meio. Na pressa de chegar à cozinha ele havia passado pela porta parida e nem havia percebido nada. Desta vez, examinou com cuidado e percebeu que a soleira estava partida. De alguma maneira estranha, o chão do apartamento havia ficado abaulado, como se uma toupeira tivesse parado ali, depois de ter rastejado debaixo do piso de porcelanato.

Qundo ele me contou essa história, eu não duvidei nem por um segundo, porque eu já havia visto a mesma coisa com os meus próprios olhos. Essa revelação do vizinho só ocorreu depois que eu contei que um estranho fenômeno havia provocado o levantamento e estilhaçado algumas das placas de porcelana do piso da minha sala. Aquilo havia acontecido do meu lado, na hora do almoço, na frente dos meus filhos e da minha mulher, além de uma cunhada. O piso havia arqueado um pouco, estalado alto e praaaac!, quebrado em pontas e esparramaços.

Na hora, mandei as crianças correrem para o quarto, porque eu pensei que algum encanamento, o gás ou qualquer coisa tinha acabado de estourar debaixo do meu piso e alguma coisa pior poderia acontecer. Fui até o vizinho de baixo e perguntei se havia alguma coisa errada com o seu teto. Mas ele não estava em casa e a empregada não me deixou olhar.

Aí voltei pra casa e dei de cara com o vizinho de frente, que havia escutado o barulhão e me contou a sua história.

O problema com o piso nos obrigou a reformar o piso da sala do apartamento, conforme eu postei aqui no blog, há uns tempos. A reforma foi feita com a gente dentro de casa, uma loucura que só recomendo para pessoas que desejam ficar com problemas nos nervos e juízo imperfeito. Mas no final deu tudo certo, eu precisava mesmo emagrecer e ficar com os cabelos do peito mais brancos. Na época, para evitar a dilapidação do patrimônio e de olho na possibilidade de dias de vacas magras, decidimos reformar somente o piso da sala. Não mexemos no piso dos quartos e nem do corredor.

Mas outro dia ouvimos novamente os terríveis estalos da porcelana no quarto do meu filho. Ao chegar lá percebi que uma nova reforma será inevitável. Várias placas tinham subido umas nas outras e quebrado, igual a gente vê nas fotos de exploradores da antártida. Estou adiando ao máximo a reforma do piso, porque desta vez não ficaremos dentro do apartamento de jeito nenhum. Enquanto isso, tirei as placas quebradas e passei o aspirador de pó para evitar maiores complicações. Agora é esperar mais um pouco para iniciar a obra.

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