Todo mundo é fã dos Irmãos Coen. Eu também. Por isso, tratei logo de encontrar o quadrinho "True Grit: Mean Business - A Dime Novel", baseado no livro "True Grit", que vem a ser um pedacinho do roteiro dessa refilmagem de Bravura Indômita. O filme estreou no Natal lá nos EUA e já deve estar nas melhores bancas de DVDs piratas, mas quero assistir no cinema, numa tela supergigantesca, com som de alta fidelidade.
A HQ pode ser baixada nos melhores sites de baixar quadrinhos. É uma boa, porque duvido que alguém se lembre de editar a revista por aqui. Se gostar, faça como eu e encomende um exemplar via Amazon.
Para que não digam que só colaboro com a economia dos países do outro mundo, comprei o livro True Grit, de Charles Portis, em português na minha última visita à livraria, no final de semana. Foi um erro, é claro, porque ultrapassei a minha cota de gastos com livros do mês. Ainda por cima, a leitura é disputada: eu e minha mulher estamos lendo o livro ao mesmo tempo, o que é novidade.
Fiquei surpreso porque ela nunca gostou de faroeste, embora esse seja uma excelente sacada: a história é narrada por uma menina de 14 anos que parte para uma jornada de vingança contra o assassino do pai. Hum! Se o narrador não usasse saias, era o mote inicial de trocentos filmes de bang-bang. Mas o fato de remoer os clichês e apresentar novos ângulos para a mitologia do faroeste não impede o livro de ser tão ou mais genial que "Welcome to Hard Times" de E.L. Doctorow.
Se você só leu Ragtime do Doctorow, vá correndo ao sebo e adquira tudo o que esse cara escreveu. Doctorow, como o cineasta Roman Polanski, transita muito bem entre os diferentes gêneros. Ele tem livro de cowboy, guerra, guerra civil, gangster, máfia, história(a do casal Julius e Ethel Rosemberg), novela, história curta, ensaios, uma peça de teatro, fábulas sobre o cotidiano e fantasia. Doctorow perdeu a conta de indicações para o Pulitzer e o National Book Award e acabou ganhando um deles.
É impossível falar do oeste sem mencionar CORMAC MCCARTHY, assim mesmo, com todas em maiúsculas, mas o assunto aqui é Charles McColl Portis, o autor de True Grit. Portis foi um jornalista do hoje extinto New York Herald-Tribune. Alguns artigos na internet estabelecem uma ligação entre Portis e Karl Marx. Ambos trabalharam para o Herald-Tribune em Londres. Era o mesmo cargo de repórter-editor-chefe-de-si-mesmo.
De acordo com Portis, o jornal teria poupado muito sofrimento se tivesse pago um pouco mais a Marx(“might have saved us all a lot of grief if it had only paid Marx a little better"). É só uma curiosidade e também uma pitada da ironia portisiana. Portis também trabalhou com Tom Wolfe no mesmo jornal. Dizem que os dois tinham diálogos prá lá de bizarros. Wolfe diz que Portis era o rei da "cortada silenciosa" e de um senso de humor incrível. Portanto, o homem também foi um dos co-inventores do new journalism, coisa que nunca existiu no Brasil, embora alguns sujeitos tenham tentado. Também foi o autor de três peças de teatro consideradas obras-primas pelos norte-americanos, mas eu nunca ouvi falar de nenhuma. Não sou muito teatrológico.
O resto não conto,até porque não acabei de ler o livro e não sei. Só posso dizer que esse é daqueles que grudam. True Grit é o responsável direto pelos meus atrasos desta semana, porque quando vejo já ultrapassei a meia hora máxima de leitura matinal no banheiro. Eu deveria inclusive chamar as manhãs de madrugadas sombrias, porque está escuro pacas. Um breu danado. A única vantagem é que estou vendo o nascer do sol todos os dias na companhia do Rafa, o cãozinho shi-tsu da minha filha.
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