Fui apresentado a dois conceitos interessantes nesta semana e é impossível deixar de falar deles.
O primeiro foi desenvolvido por Richard Thaler (Universidade de Chicago) e Cass Sunstein (Chicago e Harvard), autores de "Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth and Happiness". O livro foi traduzido para o português com o título "Nudge: O Empurrão para a Escolha Certa".
Ouvi falar disso na coluna do Hélio Schwartsman(Folha-03/02/2011). Ele resumiu o conceito de Nudge assim: "a ideia básica é que seres humanos são tudo menos os agentes racionais e bem informados imaginados pelos manuais clássicos de economia. No mundo real, as pessoas frequentemente tomam as piores decisões possíveis em relação a seu futuro."
Default foi conceituado despretensiosamente pelo Marco Bittencourt, do excelente blog "Chutando a Lata" num post do dia 01 de fevereiro, com base numa definição do webster: "a selection made usually automatically or without active consideration due to lack of a viable alternative". Seria algo como: uma escolha feita automaticamente ou sem análise devido à falta de uma outra alternativa viável.
Foi interessante ler os dois conceitos no mesmo dia, hoje, porque em geral eu leio trocentos textos todos os dias, o que provoca uma coisa que eu chamo de nuvem na memória, para disfarçar que é esquecimento puro e total. Assim, caso não tivesse feito essa leitura hoje, jamais teria percebido a estranha ponte que une esses dois conceitos a um terceiro, o de "yak shaving".
Como a minha assídua e fiel kombi de leitores deve se lembrar, em algum momento neste blog eu destrinchei o conceito de "yak shaving", fazendo um paralelo com a expressão "tosar o iaque" e a nossa conhecida "uma coisa puxa a outra". "YS", entretanto, é uma noção mais abrangente do que a rica e intensa expressão brasileira pode alcançar.
Naquela época, em janeiro de 2008, não me ocorreu procurar o significado na wikipedia: "Any apparently useless activity which, by allowing you to overcome intermediate difficulties, allows you to solve a larger problem." Numa tradução grosseira: "qualquer atividade aparentemente inútil que permita superar um monte de dificuldades intermediárias e, por fim, resolver o grande problema".
Na verdade, essa definição do wikipedia não é muito boa. Na história original, "yak shaving" era algo como precisar apresentar uma idéia muito boa, mas ficar enrolando até o final do prazo e aí, aquela coisa idiota que você estava fazendo só para passar o tempo acabar sendo a fonte de inspiração para a idéia. Era algo como enrolar até o limite da sanidade e ser salvo pelo gongo por uma coisa que você pensava que não ia servir para nada, mas que mesmo assim fazia.
Existem caras que elevaram o "yak shaving" ao estado da ARTE, assim mesmo, com tudo em maiúsculo. O "yak shaving" exige uma falta de compromisso e um egocentrismo que já não posso mais ter. Ainda assim, eu me considero um praticante mediano.
O que estou querendo dizer é que sem o "yak shaving" é impossível adotar qualquer espécie de "nudge" para substituir as antiquadas e deletérias ações por "default".
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