domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dois brinquedos

Outro dia lembrei de dois brinquedos de infância. O primeiro era um revólver prateado de cabo vermelho, de espoleta, que ganhei com os meus cinco anos de idade. Era inigualável. Veio com estrela de xerife e coldre de couro. A espoleta era uma longa tira de papel rosa enrolada, com pequenas bolinhas de pólvora. O mecanismo do revólver fazia a tira de espoleta correr quando se engatilhava o revólver. Ao apertar o gatilho, o cão do revólver batia na bolha de pólvora e provocava uma pequena explosão barulhenta.

Era o máximo. Era exclusivo. Todos os outros primos e o meu irmão tinham pequenos revólveres de detetive, pretos, de cabo marrom, com o mesmo mecanismo de espoleta. Passávamos horas brincando de detetive. Eu, com o meu revólver prata, era sempre o ranger justiceiro. Atirava primeiro e perguntava depois.

O segundo brinquedo veio em seguida. Era um avião de metal, um mirrage ou um F-14, que disparava mísseis vermelhos. O mecanismo de disparo dos mísseis era uma caixa metálica com molas. Você engatilhava o pequeno míssel, que tinha uma ponteira de borracha, e disparava soltando a trava da caixa. Era possível disparar três mísseis de uma só vez. Também era um brinquedo único. Ninguém mais tinha. Esse avião também tinha uma luzinhas vermelhas e azuis, que exigiam pilhas Ray-o-vac, as amarelinhas.

É lógico que o consumo de pilhas era uma loucura e em pouco tempo as luzinhas deixaram de funcionar. As rodas do avião eram de borracha grossa presas ao eixo de fricção. Era outro mecanismo interessante porque com duas ou três puxadas para trás, o avião andava um bocado rápido para frente, fazendo um barulho parecido com o de um jato verdade.

Mantive esses dois brinquedos por vários anos. Existem algumas fotos em eles aparecem. O revólver exibido com orgulho, como se eu fosse um xerife valente, livrando o mundo dos assassinos fora-da-lei. O avião atirando mísseis para aniquilar os mais cruéis e terríveis inimigos da humanidade. Existiam poucos monstros nesse meu imaginário infantil. Com o revólver prateado eu duelava, de acordo com as regras rígidos dos duelos, com os assassinos cowboys. Eu sacava mais rápido mesmo que eles tentassem atirar antes da hora. Com o avião cheio de mísseis, eu atacava hordas de inimigos humanos, que queriam o mal da sua própria raça.

4 comentários:

franka disse...

ai que saudade das minhas barbies.

pevê disse...

Careca, lembro do cheiro de pólvora queimada saindo do revólver, das botas de couro marron com estrelas de xerife, da máscara do Zorro e do primo mais novo que sempre fazia o papel do índio.

Careca disse...

Franka, eu tinha um Forte Apache.

Careca disse...

PV, seu primo deve ter sofrido um bocado.

Frase do dia