segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Careca também queria ir à lua

O Careca é um lunático, tal como descrito por Cyrano de Bergerac, numa de suas maravilhosas declamações. O Careca é um pirado. Mas não é tão maluco quanto os caras que dizem que aquele "grande passo para a humanidade" nunca foi dado, que tudo não passou de invenção dos gringos.

Os caras foram lá, meu irmão. Hastearam a bandeira. Acamparam. Dizem até que fizeram xixi numa cratera, só para marcar território. E eu também queria ter ido. Simplesmente porque eu achava que nos dias de hoje isso já seria possível. Mas eu não era o único. Só pra citar alguém, Stanley Kubrick, com 2001, também achava que isso seria uma banalidade.

Viajar pelo espaço não tem o mesmo glamour, para dizer o mínimo. Para as mulheres, não tem a liberação afrodisíaca de Barbarella, elas já se liberaram. Para os homens, acabou-se a fantasia de descobertas mirabolantes , à Marco Polo. Para homens e mulheres, a mística espacial se dissipou no cipoal de informações das sondas espaciais, dos telescópios longínquos e nos estilingues keplerianos. O espaço é árido demais. É infinito demais em sua infinitude. Com extrema sorte, quem sabe, esbarramos numa bactéria inteligente, antes que a Terra esquente demais.

Aliás, acho que esse planeta já se cansou da humanidade. É por isso que está cada vez mais tórrido.

Sim, eu queria ter ido à lua se isso fosse possível. Nesse caso, certamente, eu iria à lua de classe econômica, numa excursão de muita gente, aproveitando uma queda no dólar. Dividiriaem dez vezes, no cartão, aproveitando umas milhagens e pontos.

Embarcaria, provavelmente, numa nave russa ou chinesa, que esquentaria muito na reentrada. O serviço de bordo deixaria a desejar e os americanos e alemães já teriam ficado com os melhores quartos, nos melhores hotéis, nas melhores crateras. Mas eu iria, sim. E lá, eu iria procurar pelos manos brazucas, que estariam reunidos e dando pulinhos, com os atabaques e pandeiros espaciais. É, minha gente, lá fora, no estrangeiro lunar, eu levaria minha caixinha de fósforo, só para fazer, bem de leve, a minha participação na percussão.

E quando ninguém estivesse olhando, com muito cuidado, também deixaria na areia da lua a marca da minha mão.

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