sábado, 25 de julho de 2009

O aniversário da minha irmã

É aniversário da minha irmã mais velha, neste domingo. Naturalmente, não me lembrei de comprar presente. Eu nunca lembro. Quer dizer, eu sempre lembro com grande antecedência e depois vou adiando, adiando, até que me esqueço e só me lembro na véspera ou no próprio dia do aniversário. O que não é a mesma coisa que esquecer. Uma vez cunhei um termo técnico para isso. Como é mesmo o nome desse fenômeno? É mesmo muito comum. Chega a acontecer muitas vezes comigo e até no mesmo dia.

Sim, eu sei, o resultado é igual. Todo mundo leva uma lembrança e eu, o Mano Mané, chego de mãos abanando. Mas, veja bem. Eu realmente me lembro de todos os aniversários da família. Tenho isso anotado em algum lugar. É uma lista bem feita, manuscrita. Preferi escrever a mão, que a minha memória é bem visual, até hoje lembro de uma revista que tinha a Matilde Mastrangi na capa. Também não sei mais quem é ela, mas lembro das fotos dela numa revista. Os cabelos curtos. Fevereiro de 1984.

Encontrei. A minha lista. Estava bem aqui, na gaveta da mesinha do computador. Tenho todos os aniversários da família e de alguns amigos anotados nessa folha de papel. Caprichei na letra. Usei uma caneta gel, preta, Uniball Vision Elite. Tenho certeza absoluta. Até porque costumo usar essa caneta para anotações a mão e é ela que fica de plantão na mesinha do computador. Está aqui agora. Confirmei na lista. É neste domingo.

Penso num monte de desculpas. Penso num monte de flores. Mas aqui nessa cidade as floriculturas não costumam abrir aos domingos. Seres humanos desesperados muitas vezes são obrigados a ir até ao Campo da Esperança, o cemitério da cidade, para comprar umas flores de última hora. Prefiro não fazer mais isso. Levar flores com cheiro de “Descanse em paz” para aniversário não é legal. E depois do episódio com os jornais do meu vizinho, é melhor não correr riscos desnecessários. Afinal, toda família tem seus melindres.

O melhor é dizer a verdade. Pois é. Não foi esquecimento. Eu chamo esse fenômeno de procastinação relativizada. Isso não diminui, nem um pouco, o mico de chegar no aniversário de mãos abanando. Mas para que serve um vocabulário de mais de 4 mil palavras se você não usa os poucos verbos e substantivos que você sabe?

Um comentário:

Paulo Bono disse...

Gosto de dar presentes.
Foda pra mim é sair comprá-los.
O que comprar? Onde? Essas coisas.

abraço, Careca

Frase do dia