Este post faz parte da minha série de textos "Tudo é exatamente o contrário do que dizem". Trata-se de um livro que estou preparando para lançar no dia 07 de setembro deste ano. Acho que o primeiro texto do livro trata dos maus hábitos dos motoristas nos semáforos e de como é fácil evitar ser flagrado com o dedo no nariz. Vou lançar o livro em setembro só para provar que um livro pode ser editado no prazo estipulado e lançado na data marcada. Embora pessoalmente não acredite nisso.
Vamos ao tema. Sonhar não é fácil. Não. Não é. Durante muitos anos planejei meus sonhos cuidadosamente antes de dormir e sei o quanto é realmente complicado organizar tudo antes de cair no sono. A começar do elenco. O elenco de um sonho merece dedicação no travesseiro. Não é possível deixar qualquer um participar de uma coisa que só o seu subconsciente imagina. Sempre escolhi atrizes lindas para participar dos meus sonhos. Não precisavam ser boas atrizes. E caso isso não esteja claro, elas precisavam ser lindas e inspiradoras. Atores, mesmo os anões atores, eram sumariamente vetados do elenco. Animais também. Eu era o personagem principal dos meus sonhos até que o diretor subconsciente tomasse conta da coisa.
Depois do elenco, havia todo um cuidado com o cenário e as locações. Isso porque o sonho não poderia acontecer em qualquer lugar. Tinha que ser um lugar especial, bacana, bonito. De preferência, na orla, com barcos e guitarras havaianas. Com a música ideal de fundo, os letreiros começariam a aparecer em negrito e itálico, "Estrelando Careca", em caso de filme independente e com jeito de underground. "Starring The Bald", em caso de superprodução americana. "Avec Le Chauve" se fosse um filme intelectual francês.
Durante uma boa parte da minha adolescência, os meus sonhos eram produções undergrounds do tipo ãhn suecas, eu nem me preocupava em aparecer nos letreiros e tinha muito cabelo. Nessa época o cenário variava entre o sofá e um tapete. Nem travesseiro tinha. Eram sonhos muito educativos onde predominava o nu frontal, lateral e traseiral artístico. Mas essa fase passou.
Hoje, com mulher e filhos, as coisas mudaram. Sonhar exige um planejamento mais cuidadoso. Não pode ser apenas eu e uma dúzia de starlets numa praia deserta (gostava muito desse enredo). Ou eu e uma dúzia de starlets numa ilha (também gostava muito desse enredo). Ou eu e quatro dúzias de starlets amazonas que me capturavam para garantir a continuidade da tribo(o meu predileto).
Realmente, já não é possível sonhar essas coisas. É preciso um mínimo de seriedade, o que aumenta as complicações e dificulta os sonhos. Além disso, a organização do elenco fica cada vez mais complicada, porque não vejo TV e nem vou ao cinema como antes. Mesmo assim, o veto aos anões continua firme. E também o veto aos animais. Embora o Rafa, o cãozinho shi-tsu da minha filha, de vez em quando apareça no meu subsconciente. Ele vem, sorrateiro, levanta a perninha e solta uns pingos só para marcar território no meu sonho. Não é nada fácil.
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