sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O aviso prévio do interino

É incrível como os políticos continuam a provocar surpresas desagradáveis. A última foi o anúncio da desrenúncia do governador interino do Distrito Federal. Ele passou um tempão avaliando a possibilidade de renúncia. Depois decidiu que iria renunciar. Aí o sujeito convocou uma coletiva. Mas na hora "H" ele disse que estava com a carta de renúncia prontinha, mas que só ia apresentar depois. Ficou todo mundo sem entender.

É preciso tirar o chapéu para tanta cara dura. O interino PO inovou em matéria de recuar ante o anunciado. Ele não só desdisse o que disse várias vezes a diversos interlocutores, como não mostrou o que disse que tinha escrito e deixado pronto. Foi o verdadeiro escreveu, não leu e tudo ficou por isso mesmo.

Já havíamos nos acostumado aos factóides. PO inventou o des-fato. Pode ter sido pelo medo de ser obrigado a passar um tempo na sala especial da penitenciária Papuda, ao invés de fazer companhia ao governador detido na bem mais confortável sala especial da Polícia Federal. Pode ter sido por outro motivo. Mas o interino inovou. Ele renunciou por escrito, mas como não mostrou, ainda não vale.

Mas só para a cabeça dele.

Foi um patético D.Pedro I às avessas. O filho de Dom João VI disse para dizerem ao povo que ele ficava e ficou, sem se preocupar em escrever nada. O interino PO disse que ia se mandar, escreveu e voltou atrás nas mal traçadas que um dia hão de valer.

Na prática, a renúncia escrita que foi falada já vale e o interino não manda em nada. Já deu aviso prévio. Mostrou a carta na manga, fez coisa estúpida de mau jogador.

E faltou hombridade de todos os lados. Os caras do partido dele tinham que vir a público chutar-lhe o traseiro logo após ter saído de fininho de um encontro com o Presidente, que é de um partido antagônico e situação. Lula, sabido e curtido em pitos públicos, foi um dos poucos a lhe puxar a orelha. Mereceu, o travesso interino, uma desdita pública humilhante, mas que não chegou a ser acachapante.

Não sei dizer se o melhor é a intervenção. Mas o Distrito Federal está sem mando, caminha para o desgoverno. Fevereiro se acaba e nem sombra dos carnês de recolhimento de IPTU e IPVA. Os parlamentares batem cabeça na Câmara Legislativa. Não há vivalma que inspire confiança, retidão, dignidade, bom exemplo. A verdade é que, a despeito da nobre missão com que foram incubidos, nossos legislativos nunca cuidaram muito do bom fazer, trataram somente de cavoucar picuinhas e especular com o Plano de Ordenamento Territorial do DF. Mas dinheiro não falta. Saúde, educação e segurança no DF são providos pelo Governo Federal.

O que chateia é perceber que um monte de pessoas estúpidas e desprovidas de virtudes republicanas - e não somente duas - estão aboletadas numa estrutura de governo que só funciona na base da retro-alimentação.

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