terça-feira, 29 de março de 2011

O infindável show de calouros

Outro dia eu estava fazendo alguma coisa na reforma e comecei a devanear. Essa é uma atividade correlata ao ato de escrever. Sem devaneios, não há como rabiscar nenhum parágrafo. Os devaneios são esboços de pensamentos. Sem eles, não há raciocínio que se complete, não há idéia que se sustente.

Comecei a pensar nas coisas que sempre chamaram a atenção pública no rádio, na tv e na internet. Nessas três mídias, os programas de auditório sempre foram campeões de audiência. Com uma diferença essencial: o público de rádio e tv é informado sobre os horários em que o programa irá ao ar para ser acompanhado ao vivo; na internet, o programa está sempre disponível para que seja acompanhado quando o público desejar.

A opnda agora é que a mensagem esteja sempre disponível e possa ser acessada ao bel prazer de quem a queira. O You Tube é um dos principais canais de disponibilização dessas mensagens. E uma das partes mais interessantes(pelo menos para mim)é o infindável show de calouros oferecido pelo canal.

Existem excelentes covers publicadas no You Tube e algumas são realmente sensacionais. E há covers de tudo. De ator, de atriz, de cantor e cantora, de jogador de futebol, de mágico, de repórter, de dançarino, de imitadores de passarinho, de assoviadores, de dublês de fotógrafos, de pretensos cineastas e videomakers, de campeões de arremesso de aviões de papel, de domadores de animais, de tudo. Igualzinho a um show de calouros. O que você procurar, você acha.

E é lógico que na Internet também abundam os caras que são metidos a escrevinhadores. Caras como eu, atolados em circunlóquios ao redor do próprio umbigo, gente que faz diário, gente que ensaia um verso aqui outro acolá, semi-roteiristas, biógrafos de meia-tijela, mitômanos e mitomaníacos, cientistas de araque, críticos não reconhecidos, anônimos apócrifos, ególatras perspicazes, todos eternos calouros da arte da escrita. Gente que se acha o sal da terra e o ó do borogodó ao quadrado. Alguns com razão, outros não. Não importa. Porque, de fato, o mundo seria terrivelmente mais sem-graça sem esse desfile interminável de calouros.

2 comentários:

Paulo Bono disse...

circunlóquios ao redor do próprio umbigo, biógrafos de meia-tijela, mitômanos, ególatras, calouros...
Porra, carecone. Ninguém nunca me definiu tão bem.

abraço

Careca disse...

Bono, falava de mim mesmo. Abç,

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