quarta-feira, 30 de março de 2011

Intolerância

A mais recente polêmica é mais uma evidência de que a mania do politicamente correto é uma onda perigosa. Há uma enorme gritaria sem sentido, onde posições inequívocas são cobradas a respeito de sexo, raça, religião e outros temas. Sobre isso, basta olhar o globo terrestre e conferir as informações geo-políticas na Internet sobre cada país do planeta para verificar que em cada canto vigoram e preponderam interpretações e posições diferentes, que derivam em leis e comportamentos igualmente singulares e considerados normais nesses cantos.

Em outros tempos, não tão longínquos, vozes que ressaltavam o multiculturalismo, o sincretismo, a convivência e o respeito mútuo, da maioria para com as minorias e das minorias para com a maioria, sabiam se fazer ouvir. Mas hoje parece que estamos divididos demais e despudorados demais, há uma carência geral de moderados.

Existe também um apego exagerado a políticas e ações que já se mostraram nocivas em outras partes do mundo. No meio da gritaria, fica claro que a diversidade de opiniões, as nuances e particularidades que levam a formação de convicções individuais, são cada vez menos toleradas.

Não considero o deputado Jair Bolsonaro um exemplo a ser seguido, mas cassá-lo por falar bobagens e fazer declarações ofensivas a quem quer seja não purgará a imagem combalida do Congresso Nacional. Suplicy, por exemplo, vive falando bobagens e há quem o considere um insulto permanente para a seriedade do trabalho parlamentar. Uma vez alguém cogitou de cassá-lo por usar uma cueca sobre o terno, mas ninguém levou o cara a sério.

Aliás, seriedade é o que anda em falta pelo Congresso. Basta lembrar que a atual presidência do Senado é exercida pela quarta vez por um senhor que não enxergou ali nem a fantástica farra de nomeações secretas, nem a gastança exagerada de dinheiro público. Também não custa lembrar que para esse mesmo Congresso voltaram larápios e gatunos contumazes, sexistas descarados, fascistas irritantes e irritadiços, boçais e pelos menos uns 300 picaretas com anel de doutor(como já disse um ex-deputado folgazão da Constituinte que chegou a presidente).

Seja qual for o destino de Bolsonaro, são outras coisas que estão em jogo, com destaque para o sucesso da intolerância. Faltam vozes fortes e sensatas nesse congresso. Falta esteio. E pelo menos um que a gente olhe e diga que é do bem, que é um campeão moral, que é um exemplo.

2 comentários:

Mwho disse...

Muito bom seu texto!
Hoje em dia, como você apontou, picareta politicamente correto sobrevive tranquilamente...

Careca disse...

Mwho, e como tem picareta!

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