O chuveiro daqui de casa é do tipo "peba". Já expliquei aqui o significado da palavra. "Peba", de acordo com o meu amigo Cabeça, é algo pusilânime, chinfrim, sem grife e marca registrada, é um troço vagabundo, é "peba".
Houve uma época em que havia um chuveiro tipo panelão aqui no apê. Mas fui obrigado a desistir dele porque o danado puxava uma energia danada. Se uma das crianças ligasse o outro chuveiro, a "chave" caía e lá ia o Careca, enrolado na toalha, com os cabelos do peito cheio de sabão, acertar o disjuntor.
Isso aconteceu tantas vezes que desisti do "panelão".
O chuveiro queimou com um estouro horroroso na noite de quarta-feira enquanto eu estava debaixo de uma ducha. Levei um susto danado e tive que terminar o banho gelado. Hoje, pela manhã, fui obrigado a tomar uma ducha geladérrima. Os primeiros trinta segundos são horríveis, mas depois a gente se acostuma.
À tarde, fui comprar um novo chuveiro. Vi uma dúzia de modelos de chuveiros elétricos diferentes. Aí vi um chuveirinho "peba" e fiquei com dó. Comprei o bicho.
_Tem garantia, moço? - eu disse para o vendedor, um velhinho com cara de sabichão.
_Boa, conta outra - ele disse.
_Não tem garantia?
_A única garantia desse chuveiro é que se você não souber instalar ele vai estourar na hora que você ligar a água- ele disse.
_Eu vivo instalando chuveiros como esse - eu disse.
_Boa, filho. Mas se esse chuveiro queimar, é problema seu - ele disse.
_Ele costuma queimar?
_Só quando a pessoa instala errado - ele disse.
O chuveiro novo repousa no bagageiro. Choveu forte, com trovão, relâmpago e trovoada hoje à noite. Amanhã é dia de banho frio matutino, de novo.
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