O sábado é hoje
Ainda bem.
Porrada no Geni
Lembro de um sujeito metido a filósofo que gostava de conversar potocas comigo. O cara era brasileiro, mas dizia ser de um daqueles países da Europa que ninguém sabe direito onde fica. Ele procurava maneiras de complicar as coisas mais simples. Era difícil prestar atenção no sujeito. Era um maluco muito chato. Em geral, ele puxava conversa no ponto de carona da faculdade. O nome dele de verdade eu esqueci. Mas todo mundo chamava ele de Geni.
_É sério - ele dizia. Eu sempre cismei com “não pretendo fazer nada.” Se o sujeito “não pretende”, então ele acabará por fazer alguma coisa.
_Hã?
_ Parece confuso, né? Examine com outro verbo. As pessoas dizem: Eu não quero fazer nada. Ora, se não querem fazer alguma coisa, então não farão. Se não querem fazer nada, primeiro não querem, e se não querem, então não têm vontade nenhuma de fazer ou de não fazer alguma coisa. Por exemplo: eu não quero água. Então eu recuso água. Se eu não quero nada, eu recuso fazer nada. Entendeu?
_Geni, vá encher outro.
_Não, você não entendeu. Você é como a maioria dos bípedes sem plumas. Você se recusa a observar um problema em busca de uma solução.
_Geni, vá alugar outro cara.
_É mais uma apedeuta. Faça o favor de me tratar com obséquios e solicitudes.
_Geni, eu vou quebrar as tuas fuças se você insistir com esse papo.
_Qualé Careca? Estou só brincando.
Geni vivia levando porrada no ponto de carona. Eu nunca bati no Geni. Fiquei só na ameaça. Mas hoje me arrependo. Um sujeito que consegue ficar mais de vinte anos na sua memória como uma mala sem alça e sem rodinhas merece, no mínimo, um monte de tabefes.
Por quê me arrasto a seus pés?
Às vezes eu escuto umas músicas do Rei Roberto e fico pensando se existem pessoas daquele jeito. E aí me lembro que sim. E até vejo a mim mesmo em algumas músicas. É por isso que o rei é o rei.
2 comentários:
O rei é o maior roqueiro desse país
Rodrigo, é o rei.
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