terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Agora é que são elas
Tem hora que é super-difícil tomar uma decisão. Nessas horas, eu sempre lembro de músicas, especialmente das que eu escutava quando era criança. Tinha uma cantora italiana, chamada Gigliola Cinquettti, que cantava “Non ho l'età”(Não tenho idade). Meu pai tinha o EP com a canção e um dia, há milênios, me explicou que a música falava de uma moça que não tinha idade para estar apaixonada. Nô-nô-lê-tá, Nô-nô-lê-tá, per amari a ti, é a única coisa de que me lembro. Na minha cabeça, eu misturo essa música com o baião que fala da menina que enjoa da boneca, “ela só quer saber de namorar”. Aí, quando eu olho, está lá a pessoa esperando eu tomar uma decisão.
_Hum? – eu digo, compenetrado nas músicas que assolam a minha cabeça.
_Pois é, doutor, é a crédito, né?
_Vocês dividem em quantas vezes?
_Olha doutor, é produto em promoção. Mas dá pra fazer em até quatro vezes sem juros.
_E com juros?
Aí é a vez do cara pensar. Mas ele está com mais pressa do que eu.
_Quatro vezes é o máximo, doutor.
_Tudo bem, deixa eu pensar. Hum, talvez em quatro parcelas – e eu continuo com a música na cabeça. Nô-nô-lê-tá. Nô-nô-lê-tááá. Não é nem a coisa em si que é difícil. É só a tomada de decisão, que fica emperrada, como se fosse uma marcha presa no câmbio.
_E aí, doutor?
_Hum? (Nô-nô-lê-tá. Nô-nô-lê-tááá.).
_Faz em quatro parcelas mesmo?
_ Nô-nô-nãããooo. Não vou levar. Desisti. Essa crise, sabe como ééé...
_Mas doutor, essa gravata é italiana! Está em promoção, com 40 por cento de dês-con-to! E em qua-tro vê-zes, doutor!
_É italiana, né?
_E em quatro parcelas! À vista, eu faço pela metade do preço...
E aí eu lembro daquela música, com o Renato Russo, la solitudinê...
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Um comentário:
Boa técnica de negociação!!!
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