terça-feira, 12 de junho de 2012

Ray Bradbury



Stevie Ray Vaughan - Superstition

Ray Bradbury morreu e eu fiquei calado. Adorava seus livros. Li e reli Crônicas Marcianas vezes sem conta, era o meu predileto. Na minha estante, em lugar de destaque, há uma grosso volume em papel jornal dos cem contos mais célebres de Bradbury, em inglês. Foi o primeiro livro que comprei pela Amazon, ao custo de 17 dólares e 95 centavos. Mais do que os contos, o livro possui uma bela introdução do próprio Ray Bradbury. Nesse pequeno texto, ele explica como algumas de suas histórias surgiram e declara de maneira muito fingida que para ele escrever não era uma coisa que planejasse ou programasse, era somente uma coisa que fazia.

Bradbury diz que as cem histórias do volume o arrebataram nas mais estranhas horas e que ele se sentia obrigado a escrevê-las antes que saíssem da sua cabeça. Em seguida, ele fala da amizade com John Houston, na época das filmagens de Moby Dick, do qual foi o roteirista. O filme foi rodado na Irlanda, onde todas as noites diretor e roteirista enchiam os cornos de whiskey na frente da lareira.

Lá pelas tantas, depois de muitas histórias, goles e risadas, Houston iria parar e escutar com atenção os ruídos do lado de fora. E em seguida, começaria a chorar e a apontar para a janela dizendo que os espíritos (banshees) da Irlanda estavam lá fora e que talvez fosse melhor Bradbury ir verificar o que as criaturas tanto queriam. Foi isso que ele fez, todas as vezes. Foi verificar o que tanto queriam os espíritos, os anjos e demônios da sua imaginação. Ele tinha que fazer isso rápido, antes que tudo desaparecesse da sua cabeça, é claro.

Era tudo verdade. Nas suas Crônicas Marcianas, Bradbury também fala de fantasmas e da lembrança de uma antiga civilização. Em Fahrenheit 451, os livros estão sendo queimados mas alguns malucos decidem salvá-los em suas memórias.

Escreveu mais de trinta livros. Trabalhou pacas. Suou a cabeça. Descanse em paz, Ray Bradbury.




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