Respire fundo, ô Mané!
Galera, o papo é o seguinte. Não me lembro de jamais ter lido manchetes tão terríveis quanto essas dos últimos tempos. Prejuízos gigantescos de empresas gigantes. Milhões de demitidos. Milhares de sem-emprego. As empresas declarando prejuízos monumentais. Jornais e revistas emagrecendo a olhos vistos. A turma da comunicação se entreolhando, farejando cortes de despesas.
Até uma volta para espairecer é problemática. Eu olho para as vitrines das lojas e vejo os vendedores lá dentro, também se entreolhando, feito náufragos na mesma jangada. Já não é mais época de troca de mercadorias. É fim de mês. Todo mundo com grana curta, cartão-de-crédito no limite ou estourado. Ninguém compra nada. O shopping está cheio na praça de alimentação. Comida não se deixa de comprar. Mas os corredores estão cheios de gente se movimentando. Ninguém fica parado. Pouco se olha para evitar a tentação de comprar. As lojas anunciam descontos de 70 a 90 por cento. Poucos se animam. Vamos ver se a coisa muda de figura no final-de-semana. O sábado é 31. Quem sabe a confiança não se restabelece? Vou esperar.
Crise na cultura?
A crise chegou à cultura? A verdade é que existe alguma coisa de errado com a indústria cultural, gente. Estamos sem unanimidade. Ou as unanimidades disponíveis já estão muito velhas e não empolgam mais. Ou talvez a unanimidade já não seja mais possível. Em outros tempos, ali estavam eles, grandes ícones culturais, dizendo pra gente deixar a crise de lado, maneirar e chutar a bunda do guarda, como Carlitos. Talvez já não existam mais grandes ícones culturais, apenas celebridades. Ou talvez já tenhamos transgredido demais e estejamos cansados de chutar a bunda do guarda. Com certeza, já nos cansamos do Carlitos, que virou poema concreto, bibelô, e já não provoca mais riso.
Chaplin virou evocação do belo. E a gente não ri de coisas belas. Beleza, a gente reverencia. Besteira né? Talvez seja coisa da nossa cultura judaico-cristã, como falava o Umberto Eco. Suprimimos o humor, que nos permite rir de nós mesmos e evoluir um pouco. E aí nos levamos a sério demais. Glorificamos só o sofrimento e a superação. Precisamos de menos santos e mais palhaços.
Leviatã
Uma vez conversei com um pensador famoso, respeitado no mundo inteiro. Ele me garantiu que deveríamos temer, acima de tudo, os grandes moguls da política. As celebridades que se voltavam para o poder. As pessoas, carismáticas, que conseguiam nos cativar e mexer com as nossas vontades por meio dos poderosos veículos de comunicação
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