segunda-feira, 21 de maio de 2012

Faz frio em Brasília



New Order live, 1984, 'Temptation'

As noites agora estão bem mais frias, é preciso usar um cobertor bem grosso ou um edredom. As crianças dormem com pijamas de flanela. Minha mulher dorme de pijamas. Eu uso moletom e meias. Rafa dorme com um cobertor sapeca-fulô. Beta, a peixinha beta, fica parada no meio do aquário, acho que peixes não dormem. Pela manhã, o gramado do quintal está coberto por uma fina camada de gelo. À noite, o sono chega mais forte, é mais difícil manter a concentração e escrever. Noites frias combinam com cama e chocolate quente. De madrugada, uma das crianças certamente virá para a nossa cama. Elas parecem ter combinado um revezamento. Ontem foi a minha filha. Anteontem, o meu filho. Eles não ficam parados e às vezes é preciso acordar e pegar um cobertor que caiu no chão. Os dois dizem que tiveram pesadelos, mas nunca se lembram do que os afligem. Talvez seja só o frio.

Finalizei hoje os dois pedaços de troncos. Um deles é alto demais, o outro ficou bom. A piscina está dois azulejos abaixo do nível ótimo. O piscineiro joga muita água fora na filtragem. Minha conta de água veio muito alta. Nós reforçamos o discurso ecologicamente correto que as crianças assimilam na escola na hora do banho. Desperdício de água é uma agressão à natureza. Proteja o meio-ambiente, tome um banho rápido. Feche a torneira quando estiver ensaboando. Faça xixi enquanto está no chuveiro. As crianças acham graça. Eles pedem que eu lave os seus cabelos. Faço isso desde que eram bebês. Os primeiros banhos fui eu que dei, dentro de um balde transparente, a água na temperatura mais gostosa. As primeiras fraldas de pano, a limpeza do umbigo com cotonete até que a ponta cortada secasse e caísse. Os banhos de sol bem cedo. Às vezes tenho saudades. Mas também me lembro de acordar assustado e correr para ver se estavam mesmo respirando, enquanto dormiam no berço.

Eu e meu pai conversamos pela manhã. Lembramos de um tempo em que ele andava à noite com um tijolo e uma lamparina nas mãos. Havia muitas aranhas nessa casa onde moramos quando eu era um menino, numa cidadezinha na beira do rio Araguaia. Por coincidência, hoje à noite as crianças vieram correndo me chamar por causa de uma aranha gigante que havia entrado na cozinha. Pensei logo nas caranguejeiras que o meu pai caçava em casa e corri para ver a tal aranha. Era pequena, varri a danada para fora de casa. Na varanda, um silêncio como há muito não havia.

O tempo parece andar mais depressa com o frio.

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