terça-feira, 15 de maio de 2012
Despojamento
Moby - In This World
Caiu uma chuva fina e preguiçosa no início da noite. Mais uma vez, não pude usar tinta e verniz. É que mais cedo também chuviscou. Aproveitei para um dia de limpeza na oficina, com nova organização das mesas e ferramentas. Também tratei de lixar um pouco os dois pedaços de tronco que pretendo usar como mesas auxiliares na sala, caso fiquem bons. Usei uma esmerilhadeira. Retirei a capa de metal e fiz uma base de madeira para adaptar uma lixa grossa, número 36. Gosto de comprar a lixa já cortada em círculo, cada unidade custa 3,50. É feita de um silicato qualquer muito bem colado em tecido. Vale mais a pena do que uma folha de lixa A4, que é basicamente areia colada em papel. Essa lixa que eu gosto é para uso industrial, aguenta o tranco. E para remover casca estragada de tronco é super boa. Os dois pedaços de tronco são muito pesados, tomara que as rodas aguentem. Cada uma, de acordo com a etiqueta, suporta até 60 kg. Eu pretendia lixar totalmente os dois troncos, que coloquei do lado de fora da oficina, a descoberto, mas começou a chuviscar e tive que parar. Usei máscara porque a máquina provocava uma nuvem de pó. Foi então que eu comecei a faxina na oficina. Usei um pano limpo e seco. E o aspirador de pó. Gosto de usar esse aspirador como um soprador, basta acoplar a mangueira na saída de ar. Soprar é mais rápido.
Nesta semana tenho escrito pouco, a cabeça cheia de idéias demais, tudo fora de foco e sem objetivo. Tenho pensado muito em desenhar, mas também tenho desenhado pouco. Estou com a idéia fixa em mapas. Uma vez fiz um desenho do mapa do percurso que eu fazia quase todos os dias para encontrar a minha mulher, quando éramos namorados. Eu gosto desse desenho, mas o perdi. Perdi tantas coisas que gosto, nem sei mais por onde começar a procurar. A série de mapas que comecei a desenhar na minha cabeça inclui o mapa do local em que tive um acidente de carro, o caminho que percorri quando meu filho nasceu, o lugar onde quebraram o meu nariz e onde partiram o meu coração mais de uma vez. Tenho tentado fugir do que me parece literário e procurado escrever de uma maneira despojada. Faço isso não para estabelecer um estilo próprio, muito pelo contrário, a idéia é só escrever sem firulas e cacoetes. É incrível a quantidade de clichês que observo em minhas frases. E mais uma vez, a idéia não é vetar o clichê, mas podá-lo sempre que possível.
Às vezes tenho medo de estar perdendo tempo precioso, refletindo sobre as coisas que acontecem em minha vida. Houve uma época em que eu me preocupava em extrair lições ou arrancar algum significado no amontoado de banalidades que acontece todos os dias, mas desisti. Hoje me considero incapaz de estabelecer um sentido nesse emaranhado caótico de fatos. E pensar assim soa pomposo, parece uma espécie de modéstia cuidadosamente despretensiosa.
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