quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre o terror na escola

O que aconteceu na escola do Realengo, no Rio de Janeiro, foi abominável. Uma das coisas das quais me envergonho de ter pensado, quando lia as notícias sobre alguns atentados e atiradores alucinados que matavam crianças nas escolas em outros países, é de que felizmente estávamos livres disso por aqui. É uma presunção tola, porque ninguém está imune ao terror e ao horror. Também me envergonho de não ter prestado muito atenção nessas notícias, sempre em lugares tão distantes da minha vida e do meu cotidiano.

Sem querer fazer disso uma desculpa, boa parte da minha desatenção a essas notícias resulta da maneira previsível como as autoridades e a mídia tratam dos temas trágicos.

As autoridades lamentam e, de um modo deprimente, tratam de tirar o corpo fora, buscando uma isenção total de responsabilidade sobre o ocorrido. No Brasil, esse fenômeno é ainda mais agudo, porque as autoridades muitas vezes tratam de jogar a responsabilidade sobre as vítimas. Isso vale para previsíveis e perfeitamente evitáveis desastres provocados pela chuva, para os anuais deslizamentos de terra, para os extraordinários números de mortos em acidentes em estradas intransitáveis, para os eventuais desastres aéreos, terrestres e aquáticos que ocorrem por falhas humanas somadas a uma falta absoluta de mecanismos de controle, da ausência espetacular de fiscalização e da preguiça enorme de implantar uma infra-estrutura adequada.

A mídia contribui para que tudo fique como está, sem solução alguma, porque é da sua natureza nos saturar de informações até que percamos o interesse pelo assunto. Mais do que nos ajudar a compreender e a nos mobilizar para evitar tragédias, a mídia nos mobiliza e aglutina em comoção para a ação imediata. A tragédia é transformada em espetáculo, com heróis escolhidos, cenas tocantes, emoções à flor da pele. Esse excesso de espetacularizações, essa cachoeira sucessiva de fatos sobre fatos fantásticos, tem pelo menos um lado positivo: nos ajuda a superar e esquecer histórias de terror e horror. Nos ajuda a seguir com a vida.

Os brasileiros mais uma vez estão de luto, especialmente os do Rio de Janeiro. Ultimamente e infelizmente é a dor das tragédias que nos tem irmanado.

2 comentários:

Mário Salimon disse...

Pois é careca. A vida tem umas fases que dão mesmo vontade de chorar. ainda bem que temos amigos. Amigos blogueiros, e dos bons.

Careca disse...

Mário, grande abraço.:)

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