É meio repetitivo ficar falando sobre reforma e obra, mas ultimamente não consigo pensar em outra coisa. Nesse período de desligamento imediato, a obra se tornou a minha principal atividade. Então tenho que pensá-la e escrever sobre ela. É inevitável.
É lugar comum dizer que uma obra é uma novela interminável. Mas essa não é uma descrição muito boa para mim, porque eu gosto de novelas. Uma novela possui um clímax a cada capítulo e por se tornar envolvente e nos transmitir um mundo de emoções, não queremos que ela se acabe. Ansiamos pelo próximo capítulo, sofremos com as dores e amores dos personagens. Numa obra, pelo menos comigo, acontece muito pouco todos os dias e depois de duas semanas eu ficou louco para que tudo acabe.
Isso não acontece, é claro.
Numa novela muito boa, quando aparece a palavra "FIM" estamos às lágrimas. Se for uma novela da TV, no dia seguinte estaremos ali a postos para ver tudo de novo, para apreciar cada segundo do último capítulo novamente. Numa obra de reforma, eu fico tão ansioso para que tudo acabe que tenho vontade de distribuir pontapés.
Mas não faço isso, é claro.
E a obra também não acaba. Apesar de um cronograma bem traçado, com os compromissos bem explicados, assumidos e preparados, nenhum prazo foi cumprido. Todas as minhas entregas de serviços se atrasaram, por uma razão ou outra. Em geral, as razões apresentadas são horrorosas. Ruins de doer.
Os pintores, por exemplo, cansaram de adoecer os filhos e perder os ônibus. Os marceneiros jogaram a responsabilidade para a mudança climática e as fortes chuvas que atrapalharam a secagem da cola. Os gesseiros cumpriram os prazos, verdade seja dita, mas até hoje estou esperando a limpeza prometida. Os azulejistas estavam muito ocupados arrumando um outro serviço enquanto ainda trabalhavam para mim. Os caras da fiação elétrica são uns tipos orgulhosos, não se incomodaram em apresentar desculpas.
_Pô, vocês tiraram tudo das embalagens e disseram que terminariam ontem, hoje não apareceram e querem que eu acredite que vão vir amanhã, no sabadão? - eu disse, pelo celular.
_Seu Careca, minha religião não permite que eu trabalhe aos sábados - diz o trabalhador.
_Tudo bem, a minha religião só permite que eu toque em dinheiro para fazer pagamentos às terças-feiras - eu disse.
_Que religião é essa?
_Adventistas do Abre-te Sésamo.
_Nunca ouvi falar.
_É nova, já ouviu falar no Pastor Ênio ou no Pastor Beto - eu disse.
_Agora que você falou, acho que conheço os dois.
2 comentários:
Careca,
Tenho sérios problemas com pedreiros.
abraço
Bono, eles são terríveis. Abçs,
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