sexta-feira, 1 de abril de 2011

Muito louco, coisa de doido e louco de pedra

Ouvi no blog da Franka uma entrevista em que um sujeito diz "muito louco" o tempo todo. Fiquei ligado. Uma vez trabalhei com uma figura que dizia "coisa de doido" a todo instante. Era uma figura bem inteligente. Quando a conheci, essa pessoa ainda não falava "coisa de doido" o tempo inteiro. Em compensação, usava um monte de expressões e frases clichês. Ela falava "vis a vis", "iminente", "imprescindível" e também gostava muito de "fundamental". Às vezes, conseguia encaixar as quatro prediletas num mesmo diálogo, mas era raro.

Um dia, essa pessoa simplesmente parou de usar essas quatro expressões. Parece que trocou tudo por "coisa de doido". Numa mesma frase, ela encaixava até quatro vezes "coisa de doido" ou pequenas variações, tipo "que loucura","troço maluco", "uma doideira", "insano" e "pinel".

Essa pessoa era muito importante, então ninguém fazia piadinha com o fato dela usar diversas variações amalucadas da mesma expressão. Pelo contrário, muitas pessoas passavam a usar as mesmas expressões quando conversavam com essa pessoa importante e poderosa. Eu também entrava nessa.

_Mas o que você está dizendo é uma loucura! - dizia essa pessoa importante.

_Um loucura das grandes - eu dizia.

_Não é possível, gente, isso é uma doideira! Doideira - ela dizia.

_É uma maluquice, mas está aí, escrito com todas as letras - eu dizia.

_Nossa, gente, é coisa de louco, isso - ela dizia.

_Totalmente louca - eu dizia.

_Gente, que coisa insana - ela dizia.

_É uma piração geral - eu dizia.

_É, é uma maluquice - ela dizia.

_Coisa de alienado internado no pinel - eu dizia.

_De maluco que come sabão - ela dizia.

_De gente que rasga dinheiro - eu dizia.

E assim ia, sem repetições, até eu cansar.

Um dia, quando comentávamos uma notícia de jornal, essa pessoa poderosa e importante disse:

_Essa notícia é coisa de louco de pedra - ela disse.

_É uma doideira - ela disse.

_É uma insanidade, você não acha? - ela disse.

_Acho perfeitamente normal - eu disse.

Depois disso conversamos muito pouco.

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