quinta-feira, 22 de abril de 2010

A vingança do Mestre Jedi

Eu e minha mulher fomos ao shopping novo da cidade, com as crianças. Tem muita gente que não gosta de bater perna em shopping. Eu me amarro. E com as crianças é especial, porque elas tendem a sumir de vista de tempos em tempos, o que aumenta a adrenalina e deixa a gente bem ligado. Eu sempre digo para mim mesmo, quem gosta de tranquilidade, sombra e água fresca, vive no campo. Vive na Europa, ou nos States. Aqui, a vida é pra valer, brother. São grandes emoções, o tempo inteiro.

E no shopping, ó minha kombi de leitores, havia uma exposição de Star Wars com direito a treinamento Jedi. Obviamente, a fila estava quilométrica. Mas não havia tumulto e os olhos das crianças estavam brilhando. De longe, elas haviam visto diversos seres disfarçados de guerreiros Jedi, obiwans e Starship Troopers (aqueles Darth Vader de branco). Era uma exposição do tipo Konga - A Mulher Gorila. Você entrava em salas diferentes, tinha cortina, surpresa, etc.

Dessa vez, graças a uma dor repentina nas costas, não pude acompanhar as crianças. A minha mulher ficou com eles durante o circuito completo, mas posso adivinhar as partes que perdi. Mas a melhor parte, ó minha kombi, eu vi de camarote. As crianças ao sair da primeira sala com cortinas passavam para uma área aberta, em grjupos de doze. Estavam todas com uma espada Jedi(daquelas retráteis) fazendo poses Jedi, além de caras e bocas Jedi. Ao centro, um rapaz fantasiado de Monge Jedi fez um belo discurso sobre as virtudes dos guerreiros Jedi. Impressionante.

As crianças não estavam nem aí, é claro, e continuavam agitando suas espadas e caprichando nas poses, caras e bocas Jedi. Meus pupilos estavam lá. E meu filho estava particulamente caprichoso quanto às caras e bocas que fazia. De onde eu estava dava para perceber que o garoto estava pensando seriamente em como usar aquela espada para acertar a cabeça do primeiro adulto que o desafiasse. E então, vindo de um cantinho oculto, surge um outro guerreiro Jedi, um rapaz com os cabelos estrategicamente parecidos com os de Anakin Skywalker, o Darth Vader jovem e hesitante entre o bem e o mal.

Os garotos o reconheceram rapidinho.

_É o Anakin, é o Anakin! - eles gritaram.

_Calma, calma, gurizada, vamos agora simular um combate Jedi.

A palavra "combate" teve um efeito imediato sobre a coluna vertebral das crianças. Elas ficaram empinadas e empunharam suas espadas com mais força. Um ou dois garotos babaram.

_Vocês estão prontos?

_Siiimmm - responderam as crianças.

_Ataquem - disse o Anakin.

E o pobre rapaz foi coberto de pancadas por todos os lados. No início ele conseguiu desviar de dois golpes cruéis que uma menina de cabelos encaracolados(É minha filha - eu disse, cutucando um velhinho do meu lado)tentava lhe aplicar na virilha. Mas eram doze crianças, ó minha kombi, e o pobre Anakin apanhou como Judas em encenação de semana santa. Meu filho acertou-lhe uma espadada no meio do crânio que deve ter doído muito (Meu filho também - eu disse, cutucando o velhinho novamente). Mas Anakin levou na esportiva. Ele continuou a fingir que era um nobre guerreiro até recolheu a espada retrátil para demonstrar que um guerreiro com a força não sente dor, ou coisa parecida. Dava para ver que a roupa do rapaz era bem acolchoada, a maior parte dos golpes era amortecida. A maior parte, porque as orelhas estavam ali, bem à mostra, o cara usava um brinco-colar igual ao Anakin do cinema. E antes que o rapaz pudesse dizer catatuia, um menininho de uns cinco anos de idade, de óculos, acertou-lhe a orelha direita com uma tremenda espadada. Tuff.

_É o meu netinho - disse o velhinho me dando uma cotovelada e levantando as sobrancelhas.

Anakin não conseguiu reprimir o palavrão. A orelha dele dobrou de tamanho e assumiu uma cor de camisa do América. Latejava. Eu nem sabia que daquela distância dava para ver uma orelha latejando, mas o Anakin me provou que isso era possível. Depois de um segundo de choque pelo palavrão, as doze crianças guiadas pelo pequeno Padawan de óculos capricharam nos golpes. Pobre Anakin. Se não fosse a intervenção do Starship Trooper, ele não teria resistido. Rapidamente, as crianças foram encaminhadas até outra sala cortinada.

Depois de uns dez minutos, todos saíram, já desarmados e sem caras e bocas Jedi, para a última etapa do treinamento, quando foram montar Legos Star Wars. Dez minutos depois, todos foram liberados com um diploma de aprovação com louvor no Treinamento Jedi.

6 comentários:

Émie disse...

Entrou pra lista de profissões/freelas ingratos essa, né?

Paulo Bono disse...

Divertida, sua história é, Mestre Careca.

Liliane disse...

Careca,
To aqui chorando de tanto rir!
Pobre Anakim não teve a menor chance, coitado! Tomara que os Jedi tenham direto a licença médica!

Careca disse...

Camila, a Força não estava com ele!

Careca disse...

Bono-Yoda, a Força está com você!

Careca disse...

Liliane, e o coitado ainda estava no início do expediente, a fila estava enorme...

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