terça-feira, 13 de abril de 2010

Ainda sobre os monstros

É terrível, é inacreditável, mas não houve protestos contra a libertação do comprador de panetone e seus asseclas. Não teve OAB, não teve dirigente de partido, não teve candidato a presidente, não teve CNBB, não teve Associação de Magistrado, não teve presidente da ANJ, não teve articulista, não teve nem editorial se posicionando contra a libertação de um sujeito que tem poder econômico para continuar a interferir na investigação.

Há dois meses, quando o sujeito foi preso, todo mundo correu para dizer que se inaugurava uma nova era para a justiça brasileira. Que finalmente isso! Que beleza! Teve gente dizendo que a era dos corrupas havia chegado ao fim. Que agora eles, os canalhas vampiros corruptos e corruptores pagariam pelos crimes e malfeitos.

Mas no dia 12 de março de 2010, ninguém falou nada. Ninguém protestou. Não teve nem vaia.

Ontem, a responsabilidade pela libertação do homem do painel, do campeão dos panetones, era exclusivamente de oito patetas que envergonham a toga que usam. Hoje, essa responsabilidade é dividida com todos os pretensos guardiães dos valores democráticos, da liberdade e da justiça.

É espantoso!!!

E o festival de afrontas continua. Um dos asseclas que acompanhavam da cadeia as pantominas do Panetone´s King tomou posse hoje na Câmara Legislativa. Ele deverá votar na próxima eleição para definir quem será o novo governador do DF. Foi o sujeito que, comprovadamente, levou o bilhete do Pãozinho Natalício para um jornalista de aluguel. Esse cara foi filmado e as filmagens dizem tudo. Levou bilhetinho e grana.

E o festival de afrontas continuará. Pois está livre quem tem dinheiro para comprar sombras e penumbras. E a liberdade dos asseclas evidencia a grande influência e o enorme poder de interferência que continua a exercer. A desfaçatez com que essa gente se move, cercada de seguranças, com seus SUVs importados e blindados é pior, muito pior que uma cusparada na cara.

O panetone. Pensa bem. O vídeo mostra o cara pegando uma bolada de 50 mil reais. Caramba, isso é grana! E no que ele pensa para justificar o recebimento da bolada: dinheiro de panetone. Coisa pra comprar bolinho. Um café. Uma migalha. Ah! Aquilo. Pô, estão fazendo toda essa confusão por causa daquilo?! Daquela merreca! 50tinha!

Não. Toda essa confusão é porque todo mundo sacou que aquela grana era apenas uma minúscula cerejinha do grande, do enorme e gigantesco PANETONE que é roubado dos cofres públicos. Mesmo assim, oito seres minúsculos decidiram negar ouvidos à voz sensata do Ministério Público e concederam a liberdade a quem não merece.

O poder que deixa de exercer o seu poder é fraco. É galho podre. É enfraquecedor. E só contribui para a destruição da árvore da democracia.

Mas chega disso. Só me resta jogar uma última praga. Dos oito micróbios que pisaram na toga que o gato enterra, sete serão esquecidos e varridos rapidamente para debaixo do tapete da memória. Somente um nome guardarei. Porque esse poderia ter sido exemplo de coragem antes de se aposentar. Dele ficará o nome, que já foi de poeta valente, mas que hoje é do covarde que se curvou na hora H. Que sejam longos e dolorosos os seus dias, que lhe sejam breves e atormentadas as noites!

Um comentário:

Guilhermino disse...

Não menosprezando a dor dos familiares, mas o curioso é que no caso dos Nardonis, que era algo da esfera privada, veio gente de todo o país protestar e solidarizar na porta do tribunal, essa mesma comoção não ocorre na esfera pública, o pessoal não percebe que o politico corrupto comete uma monstruosidade muito maior, pois atinge um numero muito maior de vítimas. Vide a familia Sarney com contas no exterior, e crianças morrendo sem UTI no maranhão.

Frase do dia