Diz a lei que a campanha ainda não começou, mas em qualquer canto para onde se olha as eleições de outubro estão presentes. E o mais extraordinário até agora é que se fale tão pouco e de maneira tão acanhada do futuro. Tudo bem, já vivemos eleições onde os caras prometeram o céu na terra e não cumpriram, mas dessa vez não há como vislumbrar uma proposta sequer.
Não, não vou me preocupar em procurar por minha conta e risco as propostas de cada um. Acho que esse esforço deve partir dos pretensos candidatos, que devem trazer para a luz do dia a resposta para pelo menos uma pergunta das mais importantes: por quê diabos quero ser presidente?
Não considero "porque eu sou o mais preparado" uma boa resposta. Simplesmente porque isso não leva em conta proposta nenhuma. "Porque eu vou continuar a fazer o que está sendo feito" também não é uma boa resposta, já que nenhuma proposta é mencionada. "Porque o país deve ter uma agenda de desenvolvimento sustentável" parece ser uma boa resposta, mas está ligada a uma proposta que não se conhece, não foi debatida com ninguém e pode ser meramente preservacionista. "Porque o país deve ter uma primeira-dama muito bonita e inteligente" também não me convence, embora concorde que isso seria bem legal.
É bem verdade que a campanha pra valer ainda não começou, mas não consigo reconhecer um tema palpável nos candidatos. Político, em geral, tem resposta para tudo, mas fazer uma campanha em cima de dezenas de propostas não parece dar certo. Nenhum candidato, que eu saiba, conseguiu usar o faro político para captar no ar e oferecer a resposta para a grande ansiedade nacional. O que é que a maioria dos brasileiros quer? Nós queremos ser uma economia do primeiro mundo? Nós queremos a bomba? Nós queremos reduzir desigualdades? Nós queremos ampliar oportunidades? Nós queremos realmente que todos tenham acesso a uma educação de gente grande? Ou só queremos um pouquinho mais do arroz e feijão e a bagunça de sempre?
Quem vai pagar a conta?
O gênio político de JK conseguiu captar a ansiedade nacional daquele momento. Ele virou as costas e correu para abraçar o sonho de Dom Bosco. Mergulhou na alma do povo. Isso pode ter tido zilhões de consequências negativas, assim como teve muitas positivas, mas de fato, JK materializou um sonho.
Sim, isso é simplificar demais as coisas. Assim, como Collor conseguiu simplificar tudo com o combate aos marajás, FHC com a estabilização da moeda e Lula com o fim da fome no país. Essas foram as bandeiras principais daquelas eleições. Será que Serra, Dilma, Marina e Ciro(que tem saída do páreo anunciada para terça-feira) conseguem fazer isso, conseguirão captar o anseio? Ou teremos uma eleição debruçada sobre o passado?
Eu acho que haverá uma nova discussão de acertos e erros, que, para mim, foi a tônica das últimas eleições. E na minha modesta opinião, essa discussão, desatrelada da proposta do novo, é igual à música da Bete Balanço.
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